Monica Benicio, viúva de Marielle Franco, será candidata a vereadora: “A dor move-me!”

Dois anos e cinco meses após o assassinato de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, Monica Benicio, que foi companheira da vereadora, decidiu continuar seu legado e levar as próprias ideias para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Vai ser candidata a vereadora nas eleições de novembro.

Acho importante que essa percepção de legado de Marielle seja colocada como algo coletivo. A Marielle se torna símbolo de representatividade, de resistência e de esperança porque mulheres e a sociedade se aliaram às pautas dela“, diz a arquiteta de 34 anos, pré-candidata a vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, mesmo partido que elegeu Marielle.

Nascida no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, Monica diz que não teme eventuais ameaças contra a sua vida e que a sua candidatura também é uma afronta ao que chama de fascismo que ronda o cenário político brasileiro atual. Ela, que tem medidas de proteção concedidas após pedido na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão vinculado à Organização dos Estados Americanos, afirma que o que a move, na verdade, é a dor. O pedido foi feito por meio de uma medida cautelar internacional para garantir sua integridade física, e seu descumprimento pode gerar sanções diplomáticas ao Brasil.

Sem ter pensado antes em entrar para a política institucional — ela só se filiou ao PSOL 300 dias após a execução de Marielle —, Monica indica que lutará na Câmara “de forma incisiva” contra o racismo, o discurso de ódio, o bolsonarismo, “e tudo que e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) representa“. E também terá como uma de suas bandeiras reduzir a violência contra as mulheres.