Pride Week: Dublin (E O Que Podemos Aprender Com Os Irlandeses)

Aproveitando uma visita profissional a Dublin, o Nuno ( <3 ) aproveitou para nos partilhar a sua experiência durante o Pride Week irlandês, aqui fica:

Esta semana passada marcou a celebração do orgulho gay nas várias capitais dos países que estão na linha da frente do combate pela igualdade e direitos humanos. E se Lisboa já há muito que conta com a Marcha e Arraial Gay, promovidos pela ILGA Portugal enquanto comemorações principais da onda de mudança que lentamente se vem a sentir em Portugal nos últimos anos, parece, pelo menos nas edições anteriores, nunca ter atingido o seu objectivo na totalidade: a inclusão. Talvez por alguma estagnação de ideias ou, muito provavelmente, por culpa dos (por vezes nefastos) brandos costumes dos portugueses e o afastamento de tudo aquilo que não lhes é directamente relacionado. Por tal sempre senti que o Pride Lisboeta, com tudo de bom que fez e continua a fazer, sempre foi vítima de alguma indiferença por parte da população heterossexual.

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Tal não acontece em Dublin, onde este ano tive a sorte de viver um pouco do que é a Pride Week. Se em Lisboa quem não passar no Terreiro do Paço dificilmente saberá que se está a passar qualquer comemoração, na capital irlandesa é impossível estar alheio a tal acontecimento. As bandeiras arco-íris percorrem toda a cidade: as bandeiras nacionais na margem do rio Liffey foram substituídas pela diversidade multicolor, enquanto que em TODOS os estabelecimentos comerciais exibiam as suas mensagens de apoio à causa e a rainbow flag a decorar as suas montras. A maior cadeia de lembranças a nível nacional, a Carroll’s, vende, além das bandeiras, vários adereços e roupas relativos à Pride Week.

E no dia da parada colossal que decorreu no centro da cidade conseguia-se ver no Temple Bar uma verdadeira onda de celebração e amor, bem regada ao jeito irlandês, mas totalmente inclusiva e sem restrições. Teenagers homo e heterossexuais exibiam as cores da bandeira pintadas na cara, ignorando os inevitáveis protestos de evangelistas católicos que ainda teimam em viver segregados da sociedade moderna e propagar um ódio que parece ter cada vez menos lugar na absolutamente apaixonante cidade de Dublin. Como disse Conchita Wurst, presente também na festa irlandesa no já lendário The George com uma actuação para um público totalmente heterogéneo, aquando da sua vitória na edição deste ano do Festival da Eurovisão: “We’re unstoppable”. E nós, Portugueses, temos muito a aprender com os Irlandeses. Bem mais que “saídas” limpas. Cheers.