O Orgulho E A Bravura De Tim Cook

No dia que ficou marcado pela notícia de Tim Cook se assumir publicamente como gay, voltamos a receber um texto do Nuno ( <3 ) sobre a relevância que a notícia, em pleno século XXI, ainda tem, tal como a importância que símbolos como estes têm na sociedade:

Por esta altura já todos se deverão ter deparado com a notícia a circular na Internet de que Tim Cook, CEO da Apple, assumiu-se hoje publicamente enquanto homossexual numa peça para a BusinessWeek. Para muitos esta declaração não constitui uma surpresa porque, tal como o próprio clarifica “Desde há muitos anos que sou aberto com as pessoas acerca da minha orientação sexual. Vários colegas na Apple sabem que sou gay e tal não modifica a maneira como sou tratado. Claro que tenho a sorte de trabalhar numa companhia que ama a creatividade e inovação e sabe que só pode florir quando a diferença é acolhida. Nem toda a gente tem essa sorte”.

A Apple, tal como muitas outras empresas líder de tecnologia, tem estado na linha da frente na luta de igualdade de direitos da comunidade LGBT, seja na presença em eventos como a San Francisco Pride Parade (ver video abaixo), na participação em testemunhos para a campanha It Gets Better e no apoio às lei de igualdade no trabalho perante o Congresso e do casamento homossexual no estado da Califórnia.

Se tardou este anúncio público de Tim Cook foi por medo de perda de uma privacidade que ele tanto preza. No entanto afirma sem pudor que tem orgulho em ser homossexual e “é das maiores dádivas que Deus lhe deu. Ser gay deu-me um entendimento mais profundo do que significa estar na minoria e providenciou-me uma janela para os desafios que pessoas noutras minorias sofrem diariamente (…) Em certas ocasiões tem sido duro e desconfortável, mas deu-me a confiança para ser eu próprio, seguir o meu caminho e erguer-me acima da adversidade e intolerância”.

Muitos já se pronunciaram sobre este testemunho pessoal de Tim Cook e uma maioria assustadora parece descartar a sua importância. Uma facção de forma algo previsível desaprova furiosamente o estilo de vida “escolhido” por Cook. Outra, mais audível, tenta fazer humor da situação com piadas que, conscientemente ou não, são tremendamente homofóbicas. Outra ainda parece achar que não há necessidade para este tipo de anúncio nos dias de hoje. Tal é quase risível no grau de “desinformação” que demonstra.

O facto de estar a gerar discussão é prova exacta do contrário. Não é irrelevante o CEO da empresa mais valiosa do planeta revelar ser homossexual quando em muitos países no mundo tal ainda é proibido ou mesmo punível com prisão ou morte. É um exemplo histórico e pioneiro de alguém que resolveu descartar um pouco da sua vida privada pela visibilidade que uma declaração destas tem numa sociedade ainda perfidamente minada de intolerância e que leva diariamente jovens a vislumbrar no suicídio a única saída possível. Ícones assim não são demais. Aliás, são mais necessários e escassos que nunca. Por isso estou também eu orgulhoso de Tim Cook.

Tim Cook sobre igualdade e tolerância no discurso de aceitação do prémio International Quality of Life da Universidade de Auburn