O Livro E A Peça: Vagabundos De Nós

Vagabundos De Nós é um livro do psiquiatra Daniel Sampaio editado em 2003 e que conta a história de um jovem, o Diogo, e da sua mãe, Luísa, confrontados com a homossexualidade do rapaz e um anunciado acidente.

Escrito em modo de confidências que ambas as personagens fazem a si próprias, vamos descobrindo os pensamentos e os receios que o Diogo e a Luísa vivem e que receiam partilhar com o outro. Diogo sente-se perdido nem se identifica com os seus semelhantes; Luísa apercebe-se do sofrimento do filho mas tem relutância em admitir aquilo que, na realidade, sempre soube sobre ele.

Pode-se ler na sinopse:

Diogo, que fazer quando nos sentimos diferentes? Luísa, como gerir a tua frustração, a dor infinita que te consome ao tomares consciência de que este filho tão amado não te dará nunca os netos que adorarias ter, e que cultural e socialmente sabes representarem o paradigma da continuidade da família? Será suficiente a tua quase inesgotável capacidade de compreensão, de paciência, de amor?

Ler estas páginas é apreender uma experiência duríssima. É reflectir profundamente sobre “o outro”. Porque ser diferente não é uma questão de escolha. Vagabundos de Nós aborda o que de melhor e de pior há em cada ser humano, deixando em aberto as pistas para a problemática da condição de não haver escolha. Basta, com a humildade que dignifica, querer seguir essas pistas.

O livro foi também publicado no Brasil pela Editora Gente com o título Eu Sempre Vou Te Amar.

CapaVagabundosDeNoseu_sempre_vou_te_amar

Todos estes íntimos pensamentos foram adaptados pelo próprio autor a uma peça de teatro em 2004 que contou com a actriz Márcia Breia e o actor Nuno Lopes com a encenação de Luís Osório.

Tive a sorte de ver a peça no Teatro Maria Matos e ficar completamente apaixonado por aquela família, todos aqueles pensamentos e emoções que eles, na confissão, não conseguiam deixar de viver, serviu para reflectir sobre o que é ser-se homossexual e sobre o amor com a perspectiva de ambos os lados, mãe e filho.

Lembro-me que comprei logo de seguida o livro e li-o de uma assentada, numa noite em que as folhas corriam sem que eu as conseguisse parar dado que aquelas palavras eram também minhas, aquela emoção que o Diogo vivia era a minha e a Luísa era o outro lado da equação que eu precisava saber.

Há dois anos, por mero acaso, confesso, cruzei-me com o Doutor Daniel Sampaio na Feira Do Livro De Lisboa e aproveitei para lhe pedir o típico autógrafo e aproveitei também para lhe dizer o quão importante o seu livro tinha sido no meu crescimento como pessoa.

E se o foi para mim poderá também o ser para vocês, sejam Diogos ou Luísas ou simplesmente alguém que quer ler sobre o Amor, e todas as lutas a que ele obriga, entre um filho e uma mãe.

Fonte.

2 comentários

  1. Interessante ver este post. É o meu livro favorito, li-o aos 21 anos em 2005. Que pena não ter visto a peça. Falaram-me que existiu a peça, estive a pesquisar e apareceu-me este vosso artigo. Parabéns pelo vosso trabalho.

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