G de Grammys

Aconteceu na passada noite uma das maiores celebrações da música contemporânea. Ainda que os Grammy da Recording Academy tenham vindo a perder o prestígio de outrora e as escolhas para nomeações e premiações sejam cada vez mais duvidosas, não deixam de atrair as atenções do Mundo. E desde cedo, com a revelação das nomeações e o gotejar dos artistas a actuar na cerimónia, estes prometiam ser os Grammys mais gay de sempre.

Um dos artistas mais premiados da noite foi Sam Smith, jovem estrela da música britânica ascendida em 2014, abertamente gay e cujo rompimento com o namorado foi notícia nas revistas cor-de-rosa. Os galardões para Disco e Canção do Ano a foram para o seu êxito Stay With Me e o cantor de apenas 22 anos conquistou também o cobiçado prémio de Melhor Novo Artista. Mas também nomeada para o mesmo prémio estava uma cantora lésbica de nome Brandy Clark que dedica a sua música ao estilo country, símbolo de uma América conservadora que parece também estar em ponto de viragem.

Noutras prémios estavam também incluídos outros artistas LGBT: a desarmante cantora/compositora australiana Sia que é responsável por alguns dos maiores sucessos pop dos últimos anos e também actuou; a tremenda e inimitável Annie Clark também conhecida como a avant-garde St. Vincent que venceu Melhor Álbum Alternativo; Chad Vaccarino, parte do duo A Great Big World e autor do hit Say Something com Christina Aguilera, também ele vencedor de um prémio;  e também uma série de veteranos como o virtuoso do jazz Fred Hersch, o crooner Johnny Mattis, a cantora de blues Ruthie Foster e até o realizador de culto John Waters.

Mas nos palcos dos Grammys passearam-se também alguns artistas que se foram revelando amigos da causa homossexual ao longo dos anos, muitos deles considerados ícones gay: começando pela multi-galardoada e revolucionária diva reinante da música contemporânea Beyoncé, passando por Rihanna, Katy Perry, Lady Gaga, Annie Lennox e acabando, como não podia deixar de ser, em Madonna.

A eterna rainha da pop desde cedo se mostrou como uma das maiores aliadas da causa gay, numa altura em que tal era ainda muito arriscado. Ainda o ano passado pisou o palco dos Grammys com Macklemore & Lewis, Mary Lambert e Queen Latifah para oficializar o casamentos de 34 casais, não só homossexuais como heterossexuais num gesto de pura unificação, ao som de Same Love e Open Your Heart. Neste ano apresentou o seu melhor single da última década, o novo Living For Love do álbum Rebel Heart, repleto de temas com os quais os seus seguidores gay irão facilmente identificar-se.

Num país onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo e outros tópicos ainda são controversos e divisivos, os Grammys parecem continuar a ser uma plataforma de exposição, directa ou indirecta, do movimento LGBT. Só por isso, independente do mérito artístico que possam ou não ter, valem a pena e continuam a fazer a diferença pela diferença.

Fonte: 12

Por Nuno Miguel Gonçalves

I lived once. And then I lived again.

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