Saúde Em Igualdade, Para Alguns Médicos A Homossexualidade Ainda É Doença

Saiu ontem a notícia que “alguns médicos consideram ainda a homossexualidade como uma doença”. Um novo estudo realizado pela ILGA Portugal, Saúde Em Igualdade – que contou com 629 participações, tal como entrevistas a profissionais de saúde – concluiu que há pessoas LGBT a sofrer discriminação quando acedem a serviços de cuidados de saúde.

Cerca de 70 por cento dos/as profissionais de saúde pressupõe que o/a utente à sua frente é heterossexual ou que tem comportamentos sexuais exclusivamente com pessoas de sexo diferente. Mais: quando formulam questões relacionadas com sexualidade e conjugalidade apenas 17 dos/as profissionais o faz de modo a incluir a possibilidade do/a utente ser LGB.

Se é verdade que é difícil fugir a uma heteronormatividade – afinal de contas é esse o estereótipo que nos é imbutido desde pequenos – é igualmente verdade que os técnicos de saúde não se podem arriscar a falhar diagnósticos ou historiais, especialmente se forem do foro sexual, por causa de assumpções que fizeram quanto à orientação sexual do utente.

O estudo segue dizendo:

Apesar do silêncio sistemático revelado por estes dados, 17 das pessoas LGB já foi alvo de discriminação em serviços de saúde, incluindo: comentários feitos pelo/a profissional e que foram sentidos como um insulto; desconforto no contacto físico com o/a utente depois deste/a indicar que é LGB; barreiras na doação de sangue por homens gays ou bissexuais; ou dificuldades no acompanhamento de companheiros/as do mesmo sexo em consultas ou internamentos. Em 11 dos/as atendimentos de saúde mental foi sugerido ao/à utente que a homossexualidade pode ser “curada”.

No meio de todo o preconceito que as pessoas LGBT sofrem por parte de alguns técnicos de saúde o que mais me choca são aqueles que sugerem que há uma cura para a homossexualidade. Convém lembrar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a 17 de Maio de 1990 a homossexualidade da sua lista de doenças mentais. Estes profissionais não podem, simplesmente, ignorar estas directivas e actuar de forma independente – e, acrescento, irresponsável – recusando os estudos científicos que levaram a essa decisão por parte da OMS. Esta não é uma questão de opinião ou religião.

Por fim, a ILGA conclui:

Os dados são claros: as pessoas LGBT encontram barreiras e desafios significativos no acesso a cuidados de saúde adequados e competentes. É fundamental a implementação de políticas públicas que garantam que os contextos de saúde sejam contextos seguros, nos quais o silêncio e a discriminação em função da orientação sexual e identidade de género são inaceitáveis. Também na saúde, a igualdade tem de ser a regra.

Poderão ler o estudo na íntegra aqui [pdf].

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