No passado Sábado o Terreiro do Paço foi palco da maior celebração do Orgulho LGBT em Portugal, o Arraial Lisboa Pride 2015. Numa semana em que importantes e decisivos passos foram dados na luta pela liberdade e respeito dos direitos das pessoas LGBT pelo mundo, o Arraial ganhou um impacto especial por se enquadrar num momento histórico à escala global. Seja pela criação do Dia Nacional Contra a Homofobia e Transfobia ou pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na maior potência mundial, o Pride 2015 prometia ser um culminar da celebração no mês do Orgulho LGBT. E não desapontou!
Para começar, desde logo ficou óbvio que o Arraial estava aberto a todas as pessoas, crianças e famílias incluídas, com promoção de jogos entre elas. Foi com orgulho que vimos estas famílias unidas e a serem o que são: famílias, unidas no Amor mas também nas brincadeiras, sem qualquer tipo de preconceitos. Porque quando escrevemos sobre elas e abordamos temas como os da adopção e co-adopção, não estamos apenas a falar em alterações às leis que terão consequências no futuro. Estamos a escrever, sim, também pelas centenas de famílias que existem hoje e que lutam por ser reconhecidas como tal, com direitos e deveres iguais às restantes perante a lei portuguesa. Tomara que aqueles que se opõem tanto a estas urgentes alterações vissem estas crianças e estas famílias, talvez ganhassem outra noção da realidade actual e lhes abrisse um pouco o coração.
As associações e a organização da ILGA Portugal com o EGEAC uniram-se em força para trazerem ao evento o melhor espírito de união e a partilha de informação com quem tivesse interesse em descobri-los. São associações de direitos humanos (Amnistia), de prevenção contra o VIH (Abraço), de jovens (rede ex aequo), de pais (Amplos) mas também algumas iniciativas culturais que promovem a inclusão das pessoas LGBT (coro CoLeGaS).
Outro dos detalhes que se tornou óbvio a quem visitasse o Arraial: público variado. A heterogeneidade (!) das pessoas no Terreiro do Paço naquele dia era inegável. Cada vez mais importa dar visibilidade às pessoas LGBT para que não entre na mente da população os lugares-comuns que têm sido durante décadas, e até à exaustão, o rosto destas pessoas. Mas importa também deixar bem claro, nós somos igualmente todos os clichés que nos apontam, e abraçamo-los e celebramos com eles todas as vitórias tal como choramos as derrotas. Mas, e é este o ponto a reter, somos esses estereótipos mas somos também tudo o resto, somos tão espampanantes como tímidos, somos tão corajosos como medricas, somos masculinos, somos femininos, somos altos, baixos, gordos e magros, somos de direita e de esquerda, somos moda e piroseira, somos crianças e adultos, mães, pais, pop e rock, somos tudo aquilo que poderão imaginar e muito mais. E, no entanto, apesar de todas as nossas gritantes diferenças, aqui estamos, juntos no tempo e no espaço, a uma só voz. Convosco.
Nota: Poderão ver todas as fotografias que tirámos no álbum Arraial Lisboa Pride 2015 no Facebook.