Quem Realmente Representa As Pessoas LGBT? (e com que direito?)

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Não é segredo nenhum que a nossa sociedade ainda se encontra embrenhada em homofobia, bifobia e transfobia, mas não deixa de ser duramente irónico quando encontramos esse mesmo ódio dentro das pessoas LGBT.

Na semana passada Caitlyn Jenner foi vítima de protestos em Chicago por um grupo de pessoas transgénero que a acusava de não as representar verdadeiramente:

Ela não se pode rever nestas lutas [contra a transfobia]. Ela desfigura a verdade por trás da transição.

Caitlyn – tal como Laverne Cox, por exemplo – é muitas vezes acusada de ser uma privilegiada e, como tal, não pode representar a população transgénero que tem, regra geral, uma vida muito diferente destas figuras públicas e que sente, assim, a sua verdade distorcida.

Estes não são os únicos exemplos de preconceito dentro da comunidade – incitado muitas vezes por puro machismo: há o preconceito contra os homens ‘efeminados’, os travestis, as mulheres ‘masculinizadas’, entre outros. Parece que a população que é, por definição, diferente da norma nos pontos centrais da orientação sexual e da identidade de género, não consegue tolerar e aceitar quem, dentro dela, é igualmente diferente.

Sim, há gostos para tudo, há quem se reveja num cortejo de purpurinas brilhantes, perucas que só a Tina Turner conseguiria manter equilibradas e calçõezinhos minúsculos; há quem seja efectivamente um privilegiado e a sua história não seja exac-ta-mente igual à nossa; há até quem só deseje passar despercebido e não queira a atenção que  pessoas mais espampanantes ou figuras públicas recebem.

Mas sabem que mais? Todas estas pessoas nos representam. Conceito simples, porque a nossa luta é una, mas a nossa voz múltipla. Não há uma única voz que nos represente inteiramente, isso seria tornar-nos mais fracos e, pior, divididos (e nós não precisamos que alguém nos tente dividir). Por tudo isto, libertemo-nos dos preconceitos que, tal como noutros campos da sociedade, ainda existem em nós. E não esqueçamos que é a postura perante a vida e perante os outros que torna uma pessoa num ser humano digno, e não – definitivamente não – as perucas.

Ike and Tina Turner Retro
Fotografia rara de Tina Turner aquando da sua estadia na Alemanha (1973-1975).

Fontes: Advocate e World Festival Directory (fotografia).

5 comentários

  1. No fundo o preconceito acaba por ser transversal. E acaba revestido de medo, ridiculo e sei la mais o que quando no fundo tudo é tao simples, basta aceitar os outros tal como nos aceitamos a nos proprios.

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