Poema: Imensidão De Nadas

É só mais um minuto…
Esperar que adormeça e amanhã ser só mais um susto.
Afinal era uma daquelas noites das quais queremos fugir,
Daquelas que por muito que queiramos não conseguimos reagir!
É de madrugada. E sinto-me só, nesta imensidão…
Eu e este breu: Escuro…
Respirar? Nem me aventuro.
Ele aperta à minha volta…
E o ar tem peso!
Pesa o saber da demora deste fim.
Porque é aqui. E é agora!
Neste sôfrego agora… que me lembro de ti.
E de nada adianta tentar fugir. E esquece.
Esquece essa revolta! Porque ele volta:
Aqui. Sem reação, sem pensamento.
Somente no uso do coração,
dou voz à solidão!
Perco-me entre memórias, imagens, frases.
Entre cheiros, sabores e afetos…
Enterrado em lágrimas – Asfixiado:
nas imaginações dos nossos impossíveis netos,
acordado em tudo aquilo que fomos e que agora não somos.
Que não podemos e não queremos ser.
E agora estamos longe. Bem longe!
E agora, só agora e agora só, nesta desolação,
nesta imensidão de nadas, consigo ver.
Sentir e concluir!
A única solução: fugir.
Apago memórias e pensamentos… e deixei de reagir.
Sobra e resta no coração o espacinho do quem foi o primeiro
O lugar especial daquele, do derradeiro.
Amanhã amarei novamente, e por inteiro!
Não a ti… e sei bem que não vai ser o teu cheiro.
A mim! E finalmente por inteiro!

Luís Salvador

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