Por Um Beijo.

Quando as piores perspectivas se confirmam e na madrugada de ontem, em plenas comemorações do Orgulho LGBT, assistimos horrorizados a um dos piores ataques de ódio a uma população e a tudo o que ela representa. E não falo apenas de pessoas LGBT, porque não se tratou de um ataque hediondo – apenas e só – a um grupo específico  de pessoas. Desengane-se quem não percebe que toda a sociedade livre foi ontem atacada. Desista quem tenta impor essa falaciosa segregação.

O alegado beijo entre dois homens não pode ser justificação para um acto destes. Um beijo é um beijo. Um beijo é um beijo e simboliza o oposto do que aquele homem cometeu. Rasgou – as carnes – arrefeceu – os corpos – separou – amigos, amantes, pessoas. Que raio de pessoa é aquela que vê num beijo desejado, seja ele entre quem for, tudo isto? Que espírito é este que confunde opostos? É difícil de entender, apesar dos anos passados a tentar entender todas estas histórias, de forma – não sei se ingénua – a lhes dar um final feliz, a verdade é que continua a ser extenuante esta tentativa de compreensão. Porque este ódio não tem compreensão. Não pode ter.

E é por isto que precisamos de nos juntar, breve ou para sempre, mãos ou bocas, abraços ou apenas uma troca de olhares. Mas juntemo-nos. Porque a celebração tornou-se assim fulcral, uma questão de homenagem às vítimas e a toda a população que, de outra forma, também o foi. Porque não nos negamos, porque fazemos parte. Una. Sim, orgulhosamente nós.

Fonte: GQ (imagem).

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