Sem Qualquer Discriminação: Inspecção Ao Colégio Militar Declara-o Entre Melhores Da Europa

Esta semana o Exército declarou não ter identificado “quaisquer evidências da existência de situações discriminatórias, motivadas por questões raciais, religiosas, sexuais, com base na orientação sexual ou por outros factores” na sua inspecção ao Colégio Militar. Não fossem estas conclusões altamente suspeitas e poderíamos aceitar então o dito colégio como uma das melhores escolas europeias no que toca a discriminação.

Apesar destes notáveis resultados, o Exército vai realizar ainda “um estudo aprofundado” sobre a prevenção de processos discriminatórios e práticas de bullying no Colégio Militar, envolvendo os psicólogos do ramo, o colégio e os encarregados de educação.

Mas então qual o problema deste anúncio? O problema é que não é isso que se verifica, não em Portugal e não na Europa. Basta ver os dados da  Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia. À questão: “Durante o teu percurso escolar antes dos 18 anos, ouviste ou viste comentários ou comportamentos negativos devido à percepção de um ou uma colega ser LGBT?” foram recolhidos os seguintes resultados:

homofobia bullying estudo escola portugal lgbt 2
Dados Portugal

 

Ou seja, 94% das pessoas inquiridas em Portugal afirmaram ter assistido a casos de bullying homo, bi ou transfóbico. Os dados não são muito diferentes da média da União Europeia (92%):

homofobia bullying estudo escola portugal lgbt média europeia
Dados Média União Europeia

 

Não nos parece, portanto, realista o resultado de zero episódios de discriminação encontrado pelo Exército (e não pelo Ministério da Educação?), porque isto tornaria o Colégio Militar numa enorme excepção a nível europeu.

Recordemos que foi declarado publicamente o afastamento de um aluno por ter mostrado afectos a outro aluno, mas está tudo bem. Recordemos que houve um claro “lavar de mãos” por parte da direcção em relação a comportamentos discriminatórios dentro do seu colégio, mas está tudo bem. Recordemos que um General levantou dúvidas sobre a legalidade de um militar contrair casamento com outro do mesmo sexo, mas está tudo bem. Recordemos que a associação juvenil rede ex aequo viu o seu contacto negado ao propor-se dar formação especializada aos alunos e quadro do Colégio Militar sobre discriminação e homofobia na escola, mas é óbvio que está tudo, tudo, absolutamente bem.

Fontes: Diário de NotíciasAgência dos Direitos Fundamentais e DN (imagem).

 

 

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