Uma Boa Mulher: Hillary Clinton e o seu ‘sobrinho’ gay.

As últimas semanas de campanha para a presidenciais Americanas têm sido perversas. Nunca antes na história das eleições para chefe-maior dos Estados Unidos da América tinham os valores afundado tanto. Tudo se deve, claro, a Donald Trump. Os escrúpulos do multi-milionário virado estrela de reality show virado candidato presidencial faziam-se já adivinhar fracos a inexistentes, mas nunca se esperaria ver alguém que quer ser líder da máquina económica e social norte-americana confrontado com acusações tão evidentes e fundamentadas de racismo, xenofobia, homofobia e, principalmente, misoginia.

Esta última tem sido a pedra no caixão – moral e figurativo – de Trump, que recusa recuar apesar da queda do apoio das principais figuras do seu partido, e para além do escandaloso video em que se vangloria de ter predado sexualmente mulheres – que originou um discurso absolutamente efusivo e magoado da grande e eloquente Michelle Obama – , e hoje, depois de ter sido levado a melhor por Hillary nos dois debates já efectuados, acusa a oponente de ter ido drogada para os mesmos. Mais um nível de degredo celebrado pelo próprio e os seus apoiantes. Mas Clinton não cede na força dos seus princípios. Nunca o fez. E nunca antes houve um candidato, homem ou mulher, mais bem habilitado para ser Presidente dos Estados Unidos da América. Contudo, Hillary continua a enfrentar críticas por falta de empatia, dureza e corrupção (apesar desta última já ter sido descartada por entidades vigentes maiores). Ser mulher é, quase exclusivamente, a razão por detrás de tanto escárnio.

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A contrariar esta imagem muitas vezes demoníaca, vem uma carta aberta de Colin Ebeling, um homem que conhece Clinton desde a sua adolescência e que, por amizade de longa data entre esta e a sua mãe, a trata por ‘tia Hillary’. Nesta carta Ebeling fala de como Clinton o ajudou no seu coming out, o apoiou nas suas batalhas e celebrou o seu casamento com o marido e adoção da bébé de ambos. Para uma mulher tão vilanizada mesmo dentro da própria comunidade LGBT é revigorante ler um testemunho tão afectuoso e honesto de alguém que a conhece desde sempre. Que dia 8 de Novembro estes relatos de Humanidade perseverante e dedicada se elevem para além das manchetes polémicas que a tentam anular. Deixo-vos com a tradução dessa mesma carta de Colin Ebelin:

Conheço Hillary Clinton desde a minha infância. Ela e a minha mãe são melhores amigas desde que eram crianças a crescer em Park Ridge no estado do Illinois. Quando eu próprio era criança, conhecia Hillary não como uma advogada poderosa, defensora dos direitos das crianças ou primeira-dama do Arkansas, mas sim como a mãe de Chelsea: uma senhora calorosa, engraçada, que me ensinou como quantidades generosas de molho picante deitadas sobre ovos mexidos irá manter-me saudável.

Para ver Hillary retratada como uma criminosa maligna e corrupta é desconcertante para mim. No decorrer da minha vida, eu só a conheci como a amiga mais solidária e carinhosa da minha mãe. Hillary acompanhou-me na minha primeira montanha-russa quando eu tinha 12 anos de idade. Ela discursou na cerimónia de formatura da minha escola e tirou fotos com cada um dos meus colegas. A mulher que assina as suas cartas como “tia Hillary” felicitou-me quando eu saí do armário, quando recebi a minha licença de piloto, quando me casei com o meu marido e quando adoptámos a nossa filha. Ela preocupava-se com minha família regularmente enquanto a minha mãe passava pela cirurgia e tratamento para um cancro de mama.

Costumo enviar a Hillary fotos da minha filha e ela responde-me sempre imediatamente, dizendo-me qual foto é a sua favorita e como não pode esperar para lhe dar um abraço apertado.

Hillary tem convidado, a mim a ao meu marido, para inúmeros eventos ao longo dos anos e sempre nos recebe com carinho e sincero afecto. Várias vezes tivemos o privilégio de sentarmo-nos com ela e trocar histórias e, deixem-me dizer-vos, esta mulher tem uma capacidade tremenda de contar uma história. O seu humor seco rivaliza alguns dos melhores escritores de sitcom com quem que tive o prazer de trabalhar. Eu mesmo testemunhei-a fazer o seu marido Bill rir até ter lágrimas a escorrer dos olhos.

Por tal, realmente magoa-me ver esta mulher inteligente e afectuosa transformada num qualquer tipo de monstro. Não sei se deveria culpar os media pela fome de escândalos, uma conspiração de direita ou o seu actual adversário político, mas seja qual for o caso, posso prometer que Hillary Clinton é, como a minha mãe diz, uma boa mulher. Eu sou verdadeiramente abençoado por conhecê-la e ter sido criado com ela enquanto modelo a seguir e como se pode ser ambicioso e realizado, permanecendo sempre humilde, gentil e amável.

Quando votar em Hillary, quero que saiba que está apoiando não só a candidata mais qualificada da história das presidenciais, mas uma pessoa real, uma mulher que valoriza a família, amizade e serviço pelos cidadãos americanos acima de tudo. Estará a enviar directamente uma mensagem para a minha filha em como ela pode alcançar qualquer objectivo que trace para si. Estará a eleger uma boa mulher. Assim, nas próximas semanas, condimente com umas gotas extras de Tabasco a sua omolete – o povo americano precisa que esteja saudável no dia 8 de Novembro!

Post original retirado do Facebook de Colin Ebeling