Donald Trump Acena Bandeira Arco-Íris (ironicamente invertida)

Não deixa de ser irónico que Donald Trump, o improvável e perigoso candidato ao cargo de Presidente dos Estados Unidos, tenha acenado a bandeira arco-íris esta semana de forma invertida. Talvez alheio ao lapso – que não é igualmente inédito em Portugal pela mão do então Presidente Cavaco Silva – Donald acenou a bandeira do Orgulho LGBT onde se podia ler “LGBT por Trump“.

Embora tenha começado o seu discurso com a bandeira, provável resposta a Hillary Clinton que o acusou na semana anterior de ter um historial “terrível” no que toca aos direitos da população LGBT, Donald rapidamente se focou nos tópicos habituais como o projecto Obamacare e a levantar dúvidas quanto à corrupção das eleições presidenciais que acontecem já no próximo dia 8.

O candidato republicano tem vindo a mencionar a população LGBT norte-americana e os seus direitos, nomeadamente através do seu discurso inaugural como candidato escolhido pela direita, mas também ao obter o apoio do assumido Peter Thiel, líder na área da tecnologia. Donald, que poderá contar com estimados 20% dos votos da população LGBT, tem vindo a mencioná-la quando discursa sobre a oposição ao Daesh, numa clara manobra de manipulação da opinião pública.

Porque as pessoas LGBT estão igualmente vulneráveis a este tipo de desinformação e, se é verdade que parte desses 20% de votantes irão fazê-lo por hábito ou fidelidade ao partido republicano, é igualmente verdade que Donald opõe-se ao casamento entre pessoas do mesmo sexo – tendo inclusive ameaçado reverter a lei do casamento igualitário que foi triunfo de Obama – e a leis anti-discriminatórias sobre a orientação sexual e identidade de género.

Por estas – e muitas outras, demasiadas – razões, a organização LGBT republicana Log Cabin Republicans não oficializou o seu apoio ao candidato Donald, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores com os candidatos John McCainMitt Romney.

A bandeira invertida tornou-se assim símbolo do respeito e preocupação que Trump tem sobre a população LGBT norte-americana, estimada em cerca de 10 milhões de pessoas. Se a esta homofobia –  que claramente se lê nas entrelinhas –  adicionarmos também à equação todo o seu ódio racial, religioso e machista, resta saber quem este homem não odeia senão a si mesmo. E isso é de uma extrema perigosidade, porque estas eleições poderão colocá-lo no papel de homem mais poderoso do mundo. E esse papel estaria tão melhor representado se fosse desta vez ocupado por uma mulher (que me perdoe a Merkel, mas a promoção de mais poderosa deverá estar, espero, por dias). E que assim seja, que a experimentação política de Donald termine na próxima semana e que ninguém nos inverta a bandeira.

Fonte: Advocate.

Nota: Obrigado ao ‘inconseguir‘ e ao António pelas dicas 🙂