O conservadorismo de Pence

No dia 8 de Novembro os americanos votaram e escolheram Trump e Mike Pence para a presidência e vice-presidência dos Estados Unidos da América. Venceu o racismo, a xenofobia e a falta de respeito pelos direitos humanos, fazendo-nos lembrar de períodos menos felizes da História recente do Mundo, nomeadamente os anos 30 do século passado, o qual foi marcado pelo crescimento dos nacionalismo que nos levaram a uma II Guerra Mundial.

O discurso de Trump todos conhecemos e fomos ao longo do tempo dando conta do mesmo e do perigo que este representa. Contudo, não podemos esquecer a figura do futuro Vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, que é ele mesmo uma pessoa que se tem revelado contra vários pontos da Luta pela Igualdade.

Ao longo do seu percurso político, Pence tem demonstrado uma enorme intransigência nas questões de Igualdade, tais como o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou na igualdade de tratamento de todas as pessoas.

Em 2000, enquanto congressista, Pence propôs ao Congresso que desse fundos a organizações que ajudassem as pessoas a mudar o seu comportamento sexual, as conhecidas teorias da conversão dos homossexuais. Isto tudo a propósito de um diploma de alteração das normas de financiamento a instituições que ajudavam na prevenção do VIH.

Em 2006 Pence apoiou um emenda constitucional que proibia o casamento entre pessoas do mesmo sexo, com a justificação de que “Societal collapse was always brought about following an advent of the deterioration of marriage and family,”. A demonstração do seu fundamentalismo religioso e de como as ideias religiosas se devem separar do Estado.
A isto juntamos ainda o facto de Pence ser contra a presença de homossexuais nas forças armadas americanas, de ter votado contra a lei que propunha a não descriminação no emprego ou ainda de não ter apoiado a lei de prevenção de crimes de ódio de Matthew Shepard and James Byrd Jr., a qual descreveu como “radical social agenda.”

Enquanto governador do Estado do Indiana, Janeiro de 2013 a Janeiro de 2017, foi o responsável por um projecto de lei que permitia a proprietários de estabelecimentos comerciais a recusa de clientes homossexuais, alegando para tal que a liberdade religiosa estava a ser colocada em causa. Nesse mesmo período colocou em vigor uma das mais restritivas leis antiaborto dos Estados Unidos da América.

Perante todos estes factos fica claro que estamos diante um ultra-conservador e ultra-religioso, que coloca a religião acima da igualdade entre pessoas. No entanto, ainda este senhor se atreve a chamar extremistas religiosos a outros.

Filipe Fernandes