Entrevista a Lara Antunes do Grupo de Teatro PAR’SER: “Pretendemos Empoderar O Indivíduo”

No passado sábado dia 10 decorreu, no Centro LGBT, uma festa organizada pelo Grupo de Teatro PAR’SER da ILGA-Portugal. A festa teve como objectivo a angariação de fundos para o grupo através da venda de petiscos e doces que alguns membros do grupo levaram para o espaço.

A Festa teve inicio pelas 21h15 e houve música, um concurso de Quiz apresentado por Pedro Silva e incluiu um espectáculo de drag king (transformismo masculino) pelo Angel que é o nome artístico de Carolina Silva. Ela é a única mulher em Portugal a fazer este tipo de espectáculos. A apresentação durou cerca de uma hora e no final a Carolina despiu-se do seu personagem Angel e apresentou-se ao público simplesmente como Carolina. Por fim as DJ’s Susana e Carla animaram as pessoas até às 2h30 da manhã.

Antes da festa houve ainda tempo para uma entrevista com Lara Antunes, coordenadora do grupo cultural, que faz teatro há 3 anos, nomeadamente teatro interventivo e teatro playback, onde, através de histórias dos públicos, são desenvolvidas as histórias em palco. Em pleno mestrado em educação artística na vertente de teatro educativo, Lara tem como objectivo artístico “descobrir de que forma o teatro pode empoderar o indivíduo e de que forma esse indivíduo pode depois transformar a sociedade“. Assim foi:

Quando nasceu o grupo de teatro da ILGA?

Este grupo nasceu em Outubro de 2015. Existiu um outro grupo há cerca de três anos que fez algumas produções, mas num outro formato, sem o tom de activismo.

Como surgiu o convite para a coordenação do grupo de teatro da ILGA?

O grupo estava inactivo há alguns meses e eu propus à ILGA reactivar o grupo com uma proposta de teatro diferente, um teatro mais activista, com carácter de intervenção e não um teatro clássico, um teatro de produção de peças colectivas.

Quais foram as dificuldades sentidas quando pegou no grupo de teatro da ILGA?

Inicialmente o grupo de teatro começou com uma dimensão muito grande, 28 pessoas. Foi uma coordenação difícil de início, perceber 28 pessoas, com personalidades diferentes e conseguirmos ter um espírito de grupo e conseguirmos também todos sozinhos, sem uma única pessoa à frente, conseguir que esta dinâmica de todos decidirem em conjunto sem criar conflitos. A maior dificuldade foi conseguirmos esta unidade que temos presentemente.

Quais são as temáticas abordadas nas peças de teatro?

As peças que são abordadas com o nome”grupo da ILGA” são temáticas de carácter LGBT, temos uma peça sobre uma rapariga que é lésbica e não é aceite pela família e temos outra peça sobre uma rapariga transexual que enfrenta as dificuldades de alterar o seu nome. Neste momento ainda não abordámos mais temáticas, mas temos uma outra peça que também aborda algumas das temáticas LGBT, mas que não faz parte do denominado “grupo ILGA”. Tentamos abordar temas LGBT por que nos faz sentido estar associados à missão da ILGA e também como forma de transformação social.

Qual o grau de aceitação do público face às temáticas abordadas?

Quando apresentamos as peças aqui no Centro LGBT existe uma aceitação total e as pessoas estão prontas a participar e a intervir. Quando apresentamos fora, existe identificação com a temática, as pessoas são simpatizantes com a causa que estamos a apresentar e têm interesse em apresentar soluções, pois são peças de teatro interventivas. Não se pode falar em aceitação, porque muitas vezes há pessoas que desconhecem os factos que estamos a apresentar, dado que as pessoas não vivem essa realidade. Quando apresentamos no Centro LGBT as pessoas passam por essa realidade e pretendem sim alterá-la.

Quais os objectivos do grupo para o ano 2017?

Pretendemos apresentar uma nova produção colectiva e uma outra produção de carácter interventivo. Possivelmente também conseguiremos ter os nossos livros infantis – que já estão a ser produzidos – publicados. Em Julho esperamos apresentar no Festival de Teatro e Dança na Cova da Moura.