Lembro-me do que fui, a necessidade.
Deito-me e esta dor teima em estar, em ficar. Sinto os lençóis a prenderem-me o movimento,
Morder e marcar. Calar.
Arde, aperto. Corro nesta cama onde me viro e escondo, o corpo do pensamento.
Fugir de mais uma queda. Sentir a proximidade do chão, alcatrão. A sujidade do corte, os vossos pés. O cuspo, resfriar esta cara.
Desfocado nesta tristeza que consome e cala.
O meu atraso, as perguntas.
Aperto e espero. Relembro as mãos e o puxar de mangas, ajeitar. Apalpar e medir. Encobrir.
Ser.
Desconhecer. Esta vida em mim, tão profundamente. Olhar e não te ver, falas mas não estás. O eco do que ficou por ser.
Inalar. Fazer-te viver. Fiz-te ir estando, ficando.
A primeira. O som do meu corpo a cair, silêncio. Os lábios secos e o corpo que ficou.
O olhar perdido de quem cuidaria, despercebido pela idade que viam refletida neste rosto cansado, do que é suposto e do talvez. Não vos parecer ser o que são, o verem o que em mim de vocês não estava.
Procurei-me fora de mim. Conheci.
O que deveria ter sido e não sou, o que não fui.
Chorar Setembro em Junho.
Meia-noite, abrir. Sorrir. Sentir a água de 25, chorar Janeiro.
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