Mário Soares: Símbolo da luta pela Democracia

Desapareceu fisicamente no dia 7 de Janeiro o Dr. Mário Soares, fundador do PS (Partido Socialista fundado em 1973) e um dos principais símbolos da luta contra o regime Fascista e pela implantação da Democracia em Portugal.

Mário Soares nasceu no dia 7 de Dezembro 1924 e durante o tempo do regime de ditadura de António Oliveira Salazar devido às suas ações políticas contra o regime foi preso 13 vezes pela PIDE (Polícia de Intervenção e Defesa do Estado), uma polícia política que tinha a função de vigiar, prender e até de matar todos os que se opunham ao regime de Salazar.

Foi numa dessas passagens pela prisão que se casou com Maria de Jesus Barroso em 1949 e com quem teve dois filhos.

Estava exilado em Paris desde 1971 quando caiu o regime de Salazar no dia 25 de Abril de 1974. Este regime foi derrubado por um grupo de militares revoltosos que na madrugada deste dia se movimentaram, rumaram a Lisboa e tomaram conta dos principais pontos que eram controlados pelo regime, nomeadamente, a RTP, a Emissora Nacional (actual RDP/Antena1), o Aeroporto de Lisboa e toda a zona envolvente da Praça do Comércio que era onde funcionavam os principais ministérios.

Marcelo Caetano aceitou render-se e entregar o poder ao então Presidente da República General António Spínola que nomeou depois uma Junta de Salvação Nacional que governou o país até à realização das primeiras eleições livres.

Isto permitiu a restauração da democracia em Portugal, a extinção da PIDE e a consequente libertação de todos os presos políticos. Mário Soares que estava no exílio em Paris pôde finalmente regressar a Portugal, tendo fundado o Partido Socialista. Era licenciado em Direito e Filosofia. Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros e duas vezes primeiro-ministro e foi nessa qualidade que assinou no Mosteiro dos Jerónimos o tratado de adesão de Portugal à CEE (Comunidade Económica Europeia) e assim projetou Portugal para a Europa.

Candidatou-se pela primeira vez à Presidência da República contra Diogo Freitas do Amaral e Salgado Zenha em 1986, acabando por ganhar na segunda volta contra Freitas do Amaral, em 1991 recandidatou-se ao cargo tendo sido reeleito para um segundo mandato. Voltou a recandidatar-se em 2006 contra Aníbal Cavaco Silva e Manuel Alegre, mas desta vez perdeu.

Se hoje vivemos num país livre e democrático em que nos podemos expressar de várias formas devemo-lo à luta deste senhor. Vivemos actualmente num país em que há muito foram reconhecidos os direitos das pessoas LG (Lésbicas e Gays) e há muito para fazer no que diz respeito aos direitos das pessoas Trans. Mas agradeço-lhe, Dr. Mário Soares, pelo facto de me ter permitido viver num país em que posso expressar de forma livre o facto de eu ter uma identidade de género diferente da norma.