Porque temos de estar TODOS e TODAS hoje em frente à Embaixada da Rússia.

Desde a semana passada que me sinto ausente. Deprimido. Apático. O revelar da existência de campos de concentração para homens gay na Tchetchénia com o intuito de  limpeza moral é algo demasiado hediondo para conseguir compreender na totalidade das suas intenções. E na sua (ir)realidade. Os horrores já foram entretanto relatados com pormenores absolutamente aterradores, mas tudo parece estar ainda a escalar. Seja com  a jornalista que denunciou esta atrocidade dos direitos fundamentais humanos a ter agora de se exilar da Rússia ou com as declarações fascistas em relação à impureza dos homossexuais por parte de um dos cabecilhas do partido da Russia Única de Putin: estamos em verdadeiro estado de sítio como não me lembro desde que tive a realização (tardia) da minha identidade.

Numa altura em que é questionada a validade da continuação da luta do ativismo LGBT e o porquê de nos continuamos a batalhar com tanto fervor quando tudo já parece conquistado… aqui temos a resposta. Crua e dolorosa. Uma bofetada na cara. Tudo pode efectivamente ser perdido num instante fulminante e essa aterradora possibilidade tem de estar connosco presente todos os dias. Pessoas morreram e continuam a morrer por direitos que julgávamos hoje inabaláveis. Não são. Estamos cada vez mais perto de um retrocesso gigantesco da nossa liberdade. Todos os dias recebemos novos indícios de uma monstruosa frente conservadora que pretende invalidar – em nome do nacionalismo, da religião e da moralidade – toda a igualdade ganha com sangue derramado durante décadas.

Por estas razões e tantas outras é vital estarmos TODOS e TODAS hoje em frente à Embaixada Russa e espelhar o que se está a fazer em tantos outros países onde (ainda) é possível este luxo de nos manifestarmos desta forma e tentar dar visibilidade a uma das maiores atrocidades contra a comunidade LGBT desde que há memória. Há momentos na nossa História em que a complacência leva a retrocessos até então inimagináveis. Este, tanto como outros que temos vivido recentemente, é um deles. Apatia e silêncio não resultam. União e gritos de liberdade e libertação, sim. Até logo.

Hoje, terça-feira, dia 18 de Abril às 18h na Embaixada Russa em Lisboa. Mais informação sobre o evento no Facebook

Irá acontecer igualmente hoje no Porto!