Em Vagos Uma Escola Manifestou-se Contra a Homofobia

Tudo começou quando em plena Escola Secundária de Vagos, no distrito de Aveiro, duas raparigas partilharam um beijo. Esse beijo terá motivado uma queixa à direção da escola para “avisarem que não se podem beijar em público“, porque, segundo algumas alunas, “incomodam”. Como resposta a este aviso, alunos e alunas da escola secundária realizaram hoje um protesto contra a homofobia e o preconceito, produzindo cartazes onde se pode ler “Gay is Okay“, e “Love knows no Gender“.

Durante a manifestação que encheu corredores e escadarias da escola de Vagos, pôde-se escutar “Não À Homofobia!

Proibiram duas raparigas lésbicas de andarem juntas na nossa escola e nós fizemos isto!” E isto foi gritar: “Não ao preconceito!

Como consequência desta manifestação, e apesar da defesa da igualdade e a luta contra a homofobia por parte dos e das jovens, segundo João Spannagel, “vamos levar todos um processo disciplinar”.

O Bloco de Esquerda (BE), através da deputada Joana Mortágua e do deputado Moisés Ferreira, explicou que “a atuação da direção da escola visou especificamente a orientação sexual das alunas. Os alunos da Escola Secundário de Vagos realizaram hoje um protesto contra a homofobia e contra a presente situação em concreto“, acrescentando que, “de acordo com relatos de alguns alunos e alunas, a polícia terá sido chamada e os estudantes ameaçados de processo disciplinar“.

O BE questionou o Ministério da Educação sobre a posição da direção da Escola Secundária de Vagos e que medidas vai tomar para impedir “qualquer ato discriminatório por parte desta escola em relação às duas alunas e a toda a comunidade escolar devido à sua orientação sexual“.

O Bloco questionou também o ministério de Tiago Brandão Rodrigues sobre como agirá para garantir que os alunos que “exerceram o seu direito de manifestação não são prejudicados“, designadamente, e como referido acima, com processos disciplinares.

Atualização 25/05/2017:

O ministério da Educação teve esta quarta-feira conhecimento do referido caso, pelo que vai agir no sentido do apuramento dos alegados factos. O Ministério da Educação repudia qualquer ato de discriminação”, afirmou fonte oficial do ministério de Tiago Brandão Rodrigues.

Já o diretor da escola, Hugo Martinho, explicou que “não houve qualquer repreensão ou crítica à orientação sexual das alunas”, mas que lhes pediu “alguma contenção”. Um elemento da direção falou com uma das alunas, num local reservado, pedindo alguma contenção, “no sentido de as proteger“.

Proteger do quê e de quem? Quando o único problema parece vir da direção da escola sobre estas duas raparigas, forçar o armário e a vergonha na troca de afectos entre duas adolescentes é proteger o quê? O preconceito?

Fontes: Esquerda.net, TSF, Jornal Económico e Twitter.

6 comentários

  1. É nas escolas que começa (ou não) a consciência do respeito pela diversidade dos seres humanos. Se a direcção da escola ameaçou com processos disciplinares, está a agir contra o civismo. É, de algum modo, uma atitude imatura, pouco ou nada democrática e, pior, belicosamente retaliadora. Era a atitude padronizada que adoptavam os reitores (tanto no secundário como nas faculdades) da época salazarista.

  2. Seria muito bom que esta história fosse muito bem averiguada, com tomadas de posição bem claras por parte de organizaçoes e instituições competentes nesta matéria porque este tipo de atitudes não podem ser de todo aceitáveis, e não podem ficar em branco.

  3. O diretor da escola pediu tanta contenção às raparigas que hoje chamou à escola os respetivos encarregados de educação e as alunas tiveram mesmo que faltar à algumas aulas para irem ao gabinete da direção. Portanto, uma coisa normalíssima. Sempre que há jovens aos beijos nesta escola, o procedimento dita que sejam chamados os encarregados de educação. Tratamento diferenciado? Nah!

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