Estudo faz ligação entre dieta desequilibrada e homossexualidade ou “a Teoria da Bicha Gorda”

Daffydt

De quando em quando surgem “estudos científicos” que parecem encontrar provas para atribuir uma origem fisiológica à orientação sexual. Há uns tempos foi o caso da sugestão de regulação epigenética – logo comprovado como estatisticamente insignificante – e agora é a dieta. Rita Strakosha é o nome da endocrinologista albanesa responsável por este estudo revolucionário que liga a orientação sexual à dieta Ocidental com alto consumo de hidratos de carbono e gordura. “Dieta Moderna e Stress Causam Homossexualidade: Uma Hipótese e uma Potencial Terapia”: assim se entitula o documento desta análise tão pertinente que promete tudo esclarecer.

Tendo em conta a minha formação fui de imediato em busca das referências pertinentes para este estudo e do factor de impacto da publicação em que tinha saído este estudo revolucionário. Tão fofo. O bendito documento estava disponível apenas via Amazon em formato e-book, mas entretanto retirado devido à polémica. Felizmente a sua autora tem o condão do altruísmo e disponibilizou-o totalmente grátis num blog manhoso. E por falar na sua autora: a albanesa responsável por este estudo afinal não é endocrinologista, claro: é uma mestre em Psicologia Clínica, canudo que lhe foi atribuído ainda este ano. Antes tinha completado outro mestrado em Direito, uma licenciatura em Literatura. E foi-lhe também atribuído a medalha de ouro nuns prémios de sagacidade matemática. No entanto, enquanto investigadora exímia, nunca publicou nada numa revista ou publicação revista por pares. Estranho. Bizarro até.

Portanto quem melhor que esta mulher dos sete ofícios para fazer a ligação entre homossexualidade e dieta? Qualquer pessoa, aparentemente. O documento por ela disponibilizado é tão idiota nas asserções que faz e na aplicação do método científico que se torna num manuscrito dos Monty Python para quem passa algum tempo a ler este género de artigos. Mas vejamos:

Os homossexuais têm mais distúrbios alimentares que os heterossexuais, que normalmente involve largas quantidades de alimentos com elevado índice de açúcares e gordura, ou uma alimentação desequilibrada com tendência para o consumo exagerado de hidratos de carbono. Alguns estudos demonstram também uma taxa elevada de obesidade entre homossexuais. Homens gay, lésbicas e mulheres bissexuais têm maior propensão para consumo de bebidas açucaradas do que homens e mulheres heterossexuais.

Já percebi! Ela pegou numa série de estudos de origem mais ou menos duvidosa e fez a ligação entre a obesidade e a homossexualidade. O contexto psicológico e social é totalmente irrelevante. O que é real é que a bicha dá o pandeiro por meia dúzia de croquetes e a fufa morre por uma garrafa de litro de Sumol. Porque se A leva a B, B leva a A. Lógica 100% albanesa. Certificada. Para além que de seguida cita como reforço desta teoria um estudo de 1932 em que uma dúzia de gatos previamente machões começaram a passivar a partir do momento em que metem ao goto alimentos cozinhados. Os que se mantiveram pela comida crua continuaram a cuspir bolas de pêlo (das várias vadia que andavam a papar) que nem garanhões.

Depois começa a arrojar e a sugerir que pessoas homossexuais e os seus familiares são mais propensos a quadros de doenças psicológicas. Grande Sherlock, afinal isto da prevalência de doenças mentais em pessoas LGBT nada tem a ver com o enquadramento social em que estão englobadas e na repressão identitária. Afinal a não-paneleira come batatas fritas, fica paneleira por excesso de Fula no sangue, fica deprimida porque tá gorda e ninguém lhe quer fazer dalim-dalão no escroto. E depois, porque está deprimida, come batatas fritas e o ciclo recomeça. Nem o ciclo de Krebs de respiração celular faz tanto sentido. Mas não se alarmem, a Ritinha dos Frangos oferece soluções e urge-nos para terapias de conversão dietética:

Baseado no que foi previamente discutidos, as medidas a longo-prazo a seguir mencionadas terão necessidade de implementação para diminuição e, depois de diminuída, prevenção do regresso da atracção homossexual:

  • Manter uma dieta saudável sem açúcar, baixa em hidratos de carbono e gordura
  • Dormir adequadamente. A quantidade e tempo de sono é individual mas, na generalidade, deve-se dormir até atingir satisfação e ir para a cama perto do pôr-do-sol.

Tudo isto faz sentido. Bicha que é bicha não funciona antes da meia-noite e deitando-se com o horário do lar da terceira idade de Fernão Ferro evitam andar aí a roçar genitais no Construction. E a seguir emborcar umas boas fatias de pizza no Pizza a Pezzi do Príncipe Real que lhes iria aumentar os níveis de paneleirice para o dia seguinte. Assim podem finalmente ficar com aquele six-pack apetecível somente para as damas e um bubble butt para andarem a identificar os gulosos que lhes querem saltar para cima. E mostrar-lhes o caminho da não-passivação via consumo de bolachas de arroz. Mas esperem, isto quer dizer que vai deixar de haver porno com gajos grossos e passar a ser elencado pelos rejeitados do The Biggest Loser? Foda-se.

Fonte: PinkNews

2 comentários

  1. eu nunca gostei muito do açúcar e ainda assim gosto de sentar na jibóia.
    Mas gosto de salgados…será que isso também tem influência? Bom, alguém tem que lhe requisitar mais um estudo.

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