“E nós?” Manifesto pró-igualdade de P!nk surge com escalada de ódio e intolerância nos Estados Unidos

Estamos a assistir a uma época tumultuosa nos Estados Unidos da América e que ameaça dissipar-se pelo resto do Mundo. O impensável aconteceu no estado da Virginia e vimos no passado fim-de-semana assombrosas manifestações de ódio por parte de radicalistas de extrema direita e fações neo-nazi, que reivindicaram orgulhosamente (e violentamente) nas ruas de Charlottesville os seus ideais racistas, xenófobos e homofóbicos de supremacia branca. Uma contra-manifestante deu a vida enquanto se insurgia contra a intolerância. E a única coisa que o Presidente Trump conseguiu fazer, em lugar de condenar sem pudor os supremacistas brancos, foi dizer que ambos os lados da barricada tinham culpa na escalada de violência em Charlottesville. Uma sequência de eventos surreais que nos fazem questionar o futuro da união da raça humana e pensar que tudo aquilo que conquistámos é mais frágil que uma bolha de sabão.

É neste ambiente aterrador que surge o vídeo de P!nk para ‘What About Us‘ (abaixo). A canção, lançada no início de Agosto, já era, por ela só, um grito de alerta para a intolerância com o que é diferente, que tem vindo a acompanhar de mãos dadas a nova Presidência dos Estados Unidos. Mas, na sombra de Charlottesville, este acompanhamento visual em cenário urbano pré-apocalíptico ainda se torna mais pertinente. E assustador. No vídeo a cantora e o seu corpo de bailado, que tenta representar a beleza da diversidade humana, lutam contra um inimigo invisível que os persegue com invasivos focos de luz, como que a não deixar escapar quem fique ligeiramente à margem da norma vigente. Numa coreografia que centraliza a mensagem da música e reminescente da já explorada pela norte-americana em ‘Try’, dois rapazes lutam um contra o outro numa dança violenta em que se reprime a identidade de cada um e o amor que nutrem um pelo outro. Para no final essa fragilidade continuar dominada pelo medo e solidão.

P!nk, uma das artistas com mais sucesso nas ondas de rádio norte-americanas, sempre foi uma ávida lutadora pelos direitos LGBTI e nunca se inibiu de fazer declarações políticas com a sua música. Recorde-se a fraturante ‘Dear Mr. President dirigida a George Bush durante a segunda guerra do Iraque. E não é certamente a única. Mas em momentos tão devastadores como os que se vivem agora não pode ser uma exceção. A música popular é historicamente um veículo de insurreição contra as injustiças sociais por parte das camadas mais jovens e é crucial que agora, quando nos vemos à beira de um colossal retrocesso, essa tradição seja cumprida e que exista também significado nas palavras que são ditas por aqueles que, ao contrário das minorias discriminadas, têm um pedestal para se fazerem ouvir. A arte é mesmo isso.

3 comentários

  1. http://24.sapo.pt/opiniao/artigos/destinos-de-ferias

    “Se gosta do Arraial Lisboa Pride, aconselho a não perder a parada-nazi. Centenas de tipos musculosos, de cabelo rapado, bigode, etc., desfilam cantando.”

    Pronto. Já cá faltava a comparação. O que é que uma manifestação de nazis, supremacistas brancos e KKK parece mesmo? O Arraial Lisboa Pride. Deve ser para os ofender. Porque eles parecem uns maricas, topam? Não se pode dizer nada, é “humor”. Ele até deve “ter amigos que são…

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