Contra Trump: Exército Norte-Americano Irá Aceitar Pessoas Trans

As pessoas transgénero poderão alistar-se no exército norte-americano a partir de 1 de janeiro de 2018, apesar da oposição de Donald Trump, refletindo a crescente pressão legal sobre o assunto, tal como os obstáculos que o governo federal teria que atravessar para impor a posição de Trump.

Potenciais recrutas transgénero terão de superar – tal como restantes colegas cisgénero -um longo e rigoroso conjunto de condições físicas, médicas e mentais que tornam possível, embora difícil, que eles e elas se juntem às forças armadas.

O Pentágono poderá desqualificar potenciais recrutas com disforia de género, histórico de tratamentos médicos associados à transição de género e aqueles e aquelas que se submeteram a cirurgias de reconfiguração. No entanto, serão aceites se um provedor/a médico/a certificar que foram clinicamente por 18 meses e estão livres de sofrimento ou comprometimento significativo em áreas sociais, ocupacionais ou outras áreas importantes. Indivíduos transgénero que recebam terapia hormonal também devem ser estáveis com a sua medicação por 18 meses.

Os requisitos serão um desafio para que um/a potencial recruta seja aceite, mas estes espelham as preocupações da administração de Barack Obama quando o Pentágono inicialmente levantou a proibição do serviço a pessoas trans no ano passado através do Secretário de Defesa, Ash Carter. Na altura, Carter anunciou que até julho de 2017, as pessoas trans  poderiam alistar-se.

Trump, no entanto, anunciou que o governo federal “não aceita ou permite” as tropas transgénero  de servirem nas forças armadas. Um mês depois, emitiu uma ordem formal para que o Pentágono estendesse a proibição. Trump deu igualmente seis meses para o departamento determinar o que fazer a atuais recrutas trans.

A decisão de Trump foi rapidamente contestada em tribunal e dois juízes decidiram contra a proibição. Parte de uma das decisões exigia precisamente que o governo permitisse que indivíduos transgénero se alistassem a partir de 1 de janeiro. O governo pediu a suspensão dessa decisão enquanto o recurso prossegue. Existe, no entanto, uma crescente noção que as autoridades provavelmente perderão a luta nos tribunais.

A controvérsia não será sobre se permitimos alistar pessoas transgénero, será sobre em que termos as aceitamos“, explicou Brad Carson, que esteve envolvido nas decisões da última administração.

Carson teme que o departamento de defesa possa optar por cumprir um prazo para permitir recrutas transgénero, sim, mas “sob termos tão onerosos que, no final, praticamente não haverá recrutas trans“.

Fontes: The Guardian.

Nota: Na imagemAlbert Cashier, um soldado irlandês que, em 1862, após emigrar para os EUA, se alistou no Union Army, sendo o seu género atribuído à nascença o feminino.