#CasaDoCais E A Polémica Instalada: “Há uma onda de apoio gigante e é nela que nos devemos concentrar”

Foi anunciada esta semana a estreia de uma nova série denominada #CasaDoCais, uma nova aposta da RTP para a sua plataforma digital. A websérie, a ser exibida no RTP Play e no YouTube e como parte do projeto experimental do canal público – RTP Lab, acompanha a vida diária de cinco amigos e amigas que vivem numa mesma casa no centro de Lisboa. Sexo, álcool, drogas e histórias desprovidas de tabus que prometem retratar a vida dos e das millennials em Portugal numa procura pela sua própria identidade.

Esta série é para quem acorda às 3 da tarde numa quarta-feira e designa o pacote de batatas fritas aberto, na mesa de cabeceira, como pequeno almoço. Para quem já comeu metade de Lisboa e quer expandir a sua “mercadoria” internacionalmente. Para quem está às 7h15 na cave do Lux, a gastar os sapatos, ao lado do João Botelho, enquanto se pergunta a que horas o supermercado abre, porque entra às 8h30 e precisa de comprar 2 latas de red bull. Para quem diz que hoje se vai deitar cedo para ir ao ginásio de manhã e está a ver a quarta temporada de Game of Thrones às 4 da manhã. Enfim, é uma série para quem é jovem, parvo e feliz na sua incoerência.

#CasaDoCais é também a primeira série em Portugal cujo elenco são personagens LGBT. E como tal o ódio já começou a destilar nas redes sociais. Tanto Kiko/Francisco Soares e Peperan/Ana Correia, personalidades já conhecidas nas redes e ambos autores e atores da série, já expuseram alguma da intolerância e homofobia que estão a ser alvo.

Num tweet sarcasticamente denominado “Já não há homofobia em Portugal”, Kiko publica comentários que espelham a homofobia e transfobia que está latente no nosso país e nos seus habitantes que, apesar de publicamente não se expressarem com a mesma discriminação, usam a anonimidade das redes sociais para o fazerem. Para além da intolerância demonstrada por tudo o que é diferente do normativo, existe aqui uma cobardia associada e posteriormente justificada como “liberdade de expressão”. São estes também os cruzados do politicamente incorreto.

Mas Peperan comentou ao esQrever:

O fim do nosso teaser trailer fala por si próprio e os resultados estão à vista. Mas, paralelamente aos maus comentários há também uma onda de apoio gigante e é aí que nos devemos concentrar. É sempre mais fácil dar importância ao lado mau, mas o lado bom e bonito que está a resultar da #CasaDoCais é que tem de ser valorizado. Não quero, nem posso dar importância aos comentários homofóbicos. A melhor maneira de os combater, é não lhes dar importância. A #CasaDoCais é importante nos dias de hoje e acima de tudo, só queremos fazer as pessoas rir 🙂

Antes da estreia, #CasaDoCais já fez serviço público. Não só por ser a primeira com uma temática declaradamente LGBT e de carácter emancipatório e não focado na discriminação. Porque tem vontade de aproximar a vida e as vivências das pessoas LGBT de todas e todos. E a RTP também, a demonstrar porque é que continua a distinguir-se dos restantes canais portugueses na vontade de uma programação verdadeiramente diversificada e que pode ajudar a mover mentalidades e atitudes mais desatualizadas. Parabéns a todas e todos e que a visibilidade das pessoas LGBT continue a ser uma prioridade na televisão nacional e arredores. Porque há uma necessidade (imensa) deste lado de nos vermos representados.

Estreia a 15 de Janeiro na RTP Play e YouTube

Fonte: RTP Lab


4 comentários

  1. É excelente a ideia de séries que representem alegremente e displicentemente a vida (sexual e outra) dos jovens. Há, no entanto, uma coisa no texto em que não estou de acordo: que não se deve dar importância às manifestações homofóbicas. Creio, pelo contrário que é preciso analisá-las criticamente (com recurso, se for caso disso, à psicologia e à sociologia). Uma consistente “massa crítica” pode, pelo menos, ajudar uma contraposição aos seus eventuais avanços e, até, institucionalizações. A par da crescente liberalização legal em muitos países, houve, em outros, um recrudescimento da repressão legal contra o universo LGBTI. O “cândido” Trump tem feito as investidas que pode contra os transsexuais, etc.

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