Numa altura do ano muito propensa a balanços, a ILGA Portugal anunciou hoje os recipientes dos seus Prémios Arco-Íris para o ano de 2017. À semelhança dos anos anteriores, estes prémios são atribuídos enquanto reconhecimento do trabalho de pessoas individuais ou instituições em prol dos direitos das pessoas LGBTI e da sua visibilidade nas várias áreas da sociedade portuguesa:
.Graça Fonseca (primeira mulher lésbica a fazer o coming out na política portuguesa)
.Catarina Marcelino (ex-Secretária de Estado pela Cidadania e Igualdade)
.Igualdade na Cultura: Fundação Calouste Gulbenkian (pela iniciativa “A Coleção Gulbenkian sai do Armário Dourado”) e Museu Nacional de Arte Contemporânea (pela exposição “Género na Arte. Corpo, Sexualidade, Identidade e Resistência”)
.Rita Porto (jornalista do Observador, autora da reportagem sobre pessoas intersexo)
.Revista Cristina (pelas capas “Isto choca?)
.Boas Práticas na Saúde: Ordem dos Psicólogos Portugueses (pelas últimas intervenções em casos polémicos) e Zélia Figueiredo (pela proteção e bem-estar contínuos das pessoas trans)
De destacar o reconhecimento merecidíssimo tanto de Graça Fonseca como de Catarina Marcelino, duas mulheres que revolucionaram o panorama político-social no nosso país em 2017. Graça por ter sido a primeira mulher lésbica a decidir rasgar o silêncio vigente e encobrimento identitário das pessoas LGBT nos altos cargos políticos no nosso país, gerando uma visibilidade necessária e um exemplo a ser seguido. E Catarina por ter revolucionado totalmente o papel de uma Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, com uma proximidade e empenho às causas de discriminação totalmente inéditos. A incompreensível mudança da pasta aquando da última remodelação do Governo já está a fazer-se sentir pelo contrastante silêncio sepulcral por parte de quem assumiu o precioso legado de Marcelino.
Destaque também para o primeiro Prémio rede ex aequo, reforçando a colaboração entre as duas associações, atribuído ao grupo de estudantes da Escola Secundária de Vagos que se insurgiram de forma rebelde e audível contra a homofobia e discriminação contra um casal de raparigas suas colegas. Já o prémio para a revista Cristina – pela visibilidade das capas de beijos entre casais do mesmo sexo que fizeram furor nas bancas – promete ser bem mais divisivo. Isto porque Cristina Ferreira, directora-geral da revista homónima, é uma figura pouco consensual e, ainda a semana passada, foi co-autora de um momento insólito e revoltante de exploração da violência contra uma pessoa homossexual no seu programa da TVI, Você na TV.
A apresentação destes prémios será novamente levado a cabo pela incansável Rita Ferro Rodrigues, cada vez mais indispensável na conversa diária e transversal sobre feminismo, e vai ser coadjuvada por Joana Barrios, atriz e autora do blog Tragédia. Haverão também as presenças musicais de Jonas & Lander, Fado Bicha e coro CoLeGaS, bem como DJ Sets de Lonely Low Rosa, MAG e LAMIM.
Os Prémios Arco-Íris 2017 terão lugar a 13 janeiro no Estúdio Time Out – Mercado da Ribeira, em Lisboa.
Mais detalhes em ILGA Portugal.
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