Rússia: Em Vésperas De Eleições É Lançado Apelo Ao Voto Homofóbico

A menos de um mês das eleições que deverão dar uma vitória folgada a Vladimir Putin, foi lançado um vídeo de apelo ao voto. Nele vemos um homem na véspera das eleições russas a gozar com a mulher quando esta coloca o alarme para se levantar no dia seguinte cedo para ir votar. Sonha depois com um militar que se queixa do aumento da idade da reforma. Segue para a cozinha onde encontra um homem gay sentado à mesa a limar as unhas e a comer uma banana. “Quem é este?“, pergunta à mulher. “Sou um homossexual a passar uma temporada.

É aí que a mulher lhe explica então que segundo uma nova lei, as famílias são obrigadas a receber um homossexual que tenha sido abandonado pelo companheiro [???]. Chocado o homem entra na casa de banho onde um intercomunicador o informa que o tempo na sanita está limitado e acaba por acordar. Mas ao seu lado na cama está o homossexual. Então acorda realmente do pesadelo e diz à mulher para se levantar e irem votar “antes que seja tarde demais.

 

A verdade é que o vídeo, filmado com atores e atrizes profissionais, tem origem desconhecida, embora o nível de produção do mesmo adivinha ligações – leia-se dinheiro – a influências destacadas num país em que as pessoas LGBTI enfrentam forte discriminação, incluindo a proibição de desfiles e “propaganda gay” desde 2014.

Ksenia Sobchak, candidata a presidente e concorrente de Putin, condenou o vídeo como “incitamento e humilhação daqueles em minoria“.

A minha opinião é que é possível brincar com todos. Sobre Hitler e sobre gays. Mas mostrar pessoas LGBT como uma ameaça num país homofóbico já não é uma piada – Sobchak.

A atriz Svetlana Galka, que interpreta a mulher no vídeo, explicou que não sabia quem estava por trás do vídeo e que acreditava que este é um espelho da sociedade, porque toca naquilo que o comum russo tem “no seu subconsciente“.

Apesar das acusações contra Putin, a comissão de eleições russa já rejeitou qualquer responsabilidade.

 

Fontes: Daily News e Sábado.

Por Pedro Carreira

Ativista pelos Direitos Humanos na ILGA Portugal e na esQrever. Opinião expressa a título individual. Instagram/Twitter/TikTok/Mastodon: @pedrojdoc

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