Miguel Agramonte Lança Conto Que Coloca À Prova Amor Entre Dois Homens: “Só Preciso De Tempo”

Miguel Agramonte, autor que já passou por este espaço diversas vezes, tem hoje um novo desafio: o lançamento do conto “Só Preciso de Tempo“. Este conta a história de dois homens, o Adriano e o Danilo, que comemoram três anos de namoro num jantar romântico até serem apanhados de surpresa por uma revelação que os colocará à prova.

O conto foi criado como entrada no concurso “Orgulho de Ser” e pode ser lido livremente entrando no perfil do Miguel na plataforma Sweek ou na página do próprio conto. Para explicar o que esteve por trás deste desafio nada melhor que as palavras do próprio autor, que nos falam dos desafios e dos preconceitos com que se debateve na sua escrita, assim foi:

Como surgiu este desafio para a criação do conto “Só preciso de tempo”?

No início deste ano, foi publicitado o concurso ‘Orgulho de Ser’, promovido pela Rico Editora e pela plataforma de leitura e pela plataforma de leitura Sweek, para contos de temática LGBT+, no Brasil. Foi quando comecei a receber mensagens de vários amigos com o link para participação no mesmo. Confesso que não me decidi, de imediato, pela participação. Mas a insistência dos amigos (sempre eles…) acabaram por me levar a escrever este conto.

Já tinha a história pensada, mas sem o fim definido. Certo dia, uma espera mais demorada num aeroporto trouxe-me a inspiração necessária. Ia perdendo o voo, de tal forma fiquei embrenhado na escrita e, pelo mesmo motivo, nem dei conta da turbulência, naquele voo nocturno no meio de um temporal de chuva e relâmpagos. Por ser um concurso brasileiro, o conto está escrito em português brasileiro – um outro desafio.

Adriano e Danilo são um casal que festejam o aniversário e seguimos os seus preparativos para o jantar especial e romântico, que importância tem para ti contar estas histórias que nem sempre têm a merecida visibilidade nos meios de comunicação mais tradicionalistas?

Diria que a mesma importância que tem para um autor que escreve histórias com personagens heterossexuais (presumo que o “meios de comunicação mais tradicionalistas” seja um eufemismo para “livros de temática heterossexual”): contar histórias. No meu caso, como na de tantos outros autores, histórias possíveis no nosso dia-a-dia, que acontecem em todo o lado, com maior ou menor visibilidade, mas sempre com grande intensidade emocional. Também é poder chegar a tantos outros Adrianos e Danilos neste mundo para que, quando ao conto, verem que há outros como eles.

Tenho recebido várias mensagens de leitores que descobriram histórias com personagens LGBT+ através do que escrevo, o que me traz uma grande felicidade. Mas, há duas palavras, na pergunta, que me chamaram a atenção: “merecida visibilidade”. Creio que, havendo cada vez mais histórias desta temática em circulação acredito que, também assim, se contribui para o aumento da referida visibilidade. Da última vez que verifiquei, havia mais de 400 contos apresentados a concurso e isto a pouco mais de um mês do encerramento das candidaturas, o que acho fantástico. Desses, apenas três serão escolhidos para publicação numa antologia.

Existe nesta história um momento em que se coloca à prova a sua união e nos são confrontados preconceitos e medos, é esta uma ode ao poder do Amor?

Ao poder do Amor mas, também, ao poder do conhecimento. Tentando desenvolver o raciocínio, sem estragar o final do conto, uma vez mais, a ignorância e os medos provocados pelo desconhecimento podem ser mais forte do que o Amor. Na realidade, e infelizmente, muitas vezes o são. E voltamos ao preconceito dentro do preconceito. O “Só preciso de tempo” aborda um assunto vasto, que poderia ser muito mais aprofundado (várias têm sido as mensagens a pedir para o completar ou continuar) mas, com um máximo de três mil palavras (regra imposta pelo concurso), os limites têm que ser mais estreitos do que num livro. No entanto, creio que deixo a semente para fazer os leitores se interrogarem. Como reagiriam eles perante tal situação?

Muitas vezes faço essa pergunta a mim próprio, muitas vezes as personagens que crio dão-me lições de vida. Há uns anos, em Roma, comprei uma placa de pedra onde está inscrito “Omnia Vincit Amor” (o amor vence tudo), uma frase famosa de Virgílio. Tenho-a na parede, junto à porta de entrada de casa, para nunca me esquecer disso. O que é complicado: mais de dois mil anos depois, a frase continua a ser um desafio diário, em todos os aspectos.

 

Não deixem pois de ler o conto aqui e seguir o perfil do Miguel Agramonte na plataforma para o ajudar no concurso “Orgulho de Ser”, boas leituras!

 

Nota: Obrigado ao Miguel pelo contacto 🙂

Por Pedro Carreira

Ativista pelos Direitos Humanos na ILGA Portugal e na esQrever. Opinião expressa a título individual. Instagram/Twitter/TikTok/Mastodon/Bluesky: @pedrojdoc

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