Festival Da Canção: Cláudia Pascoal Com Isaura e Catarina Miranda, Duas Grandes Canções Na Final

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É hoje a final do Festival da Canção 2018. Entre duas semi-finais moldadas por canções algo enfadonhas – e não o confundamos com a simplicidade que levou “Amar Pelos Dois” ao topo da Eurovisão – e a desistência do cantor mais popular da nova geração em competição, Diogo Piçarra, existem duas canções que, sem desprimor pelas restantes, gostaria de destacar.

Comecemos por aquela que, na realidade, se tornou na primeira que verdadeiramente prendeu a minha atenção: “O Jardim“. Sim, tem a Isaura como autora e segunda voz e isso seria logo o suficiente para criar boas expetativas sobre a canção. Estas foram largamente atingidas e, numa sonoridade que lembra London Grammar, a canção envolve-nos na expressiva voz de Cláudia Pascoal e na sua simplicidade, sem nunca tentar repetir a fórmula de Luísa Sobral. Esta seria, acredito, uma excelente aposta para levarmos à Eurovisão. Oiçamos e leiamos:

O Jardim


Eu nunca te quis
Menos do que todo
Sempre, meu amor

Se no céu também és feliz
Leva-me, eu cuido
Sempre, ao teu redor

São as flores o meu lugar
Agora que não estás
Rego eu o teu jardim

Eu já prometi
Que um dia mudo
Ou tento, ser maior

Se do céu também és feliz
Leva-me, eu juro
Sempre, pelo teu valor

(Isaura)

 

A segunda canção foi aquela que, ainda que timidamente, se destacou na primeira semi-final: “Para Sorrir Não Preciso De Nada“. A melodia alia-se à voz doce de Catarina Miranda e, como  explicou um dos autores da canção, Júlio Resende, “Raras são as letras de canções onde só a última frase revela o significado total da canção.” O músico refere-se à revelação da pessoa a quem se dirige a canção: a namorada. Numa canção escrita pela Camila Ferraro – e cantada também por uma mulher – não há dúvida que este tem todos os ingredientes para se transformar num novo hino LGBT, mais concretamente lésbico. Confiram:

Para Sorrir Eu Não Preciso De Nada


Me levo a lugar nenhum
Daqui não devo partir
Prefiro sucumbir
A um dia comum

Hoje nem vou sair ver a rapaziada
Não me convidem para ir
Viver a madrugada

Não pretendo ouvir
Nem a melhor batucada
E não verei brincar
A alegre criançada

Recuso a iguaria,
A conversa animada
Até a poesia
Hoje está dispensada

Nem mar
Água salgada
Nem ar
Brisa delicada

Não há nenhuma necessidade
Hoje para sorrir
Eu não preciso de nada

Pois ela é minha namorada
Ela é minha namorada.

(Camila Ferraro e Júlio Resende)

 

A final desta noite poderá ter várias surpresas, especialmente depois da desistência de Piçarra, mas acredito que, tanto com uma como com outra, Portugal estaria muito bem representado na Eurovisão. Vamos a apostas?

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3 comentários

  1. Sinceramente merece mais que uma referencia a London Grammar. A musica vencedora é em tudo igual, arranjos, timbre, acordes, só nao é plágio directo. Num mundo global a falta de etica na copia nua e crua da sonoridade só demonstra a falta de cultura musical de um povo. ganhou uma copia.

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