“Pôr em evidência um fenómeno destes é destruir a liberdade e os valores do 25 de Abril. Lamentável.” – Fernando Gonçalves.
Foi com estas palavras que o político do PSD criticou a iniciativa aprovada na Assembleia Municipal de Bragança esta semana sobre o voto de congratulação pela I Marcha do Orgulho LGBTIQ de Bragança que decorrerá no próximo dia 19 de maio pelas 15h.
A iniciativa de congratulação pela marcha organizada pelo movimento LGBTI partiu do Bloco de Esquerda e, apesar de ter acabado aprovada, contou com um voto contra, 18 a favor e 43, a maioria, abstenções.
Eduardo Malhão, também do PSD, considerou que “não foi muito feliz a ideia de realizar esta manifestação em Bragança” porque, diz, passa a imagem de ser “uma cidade conservadora“.
O Movimento LGBT anunciou recentemente a realização da primeira marcha do Orgulho LGBTI do distrito transmontano e apresentou esta como um primeiro passo para deixar de ter medo do tema numa cidade conservadora.
“Estamos numa cidade ainda muito tradicional e queremos trazer alguma segurança (e um espaço seguro) para as pessoas que, por algum motivo, não sentem segurança para se assumirem“, explicou Sara Canteiro, uma das organizadoras do Movimento. “A marcha deste ano é para dizer ‘estamos aqui’!“
Não se compreende de facto as argumentações apresentadas pelos políticos acima citados. Afirmar que manifestações de Orgulho por parte de minorias historicamente perseguidas destroem a liberdade e os valores do 25 de Abril é não entender que este é precisamente uma data que marcou um derradeiro passo para a libertação da população LGBTI em Portugal.
Sim, o Orgulho LGBTI não se quer apenas manifestado em Lisboa ou Porto, quer-se celebrado orgulhosamente em todo país. E são estas reações – e abstenções, já agora – que tornam a imagem destes políticos conservadora e, acrescento, pequenina.
Sejamos pois enormes e repliquemos o Orgulho que no ano passado saiu à rua em Vila Real e no Funchal pela primeira vez e passemos a mensagem que, sim, estamos aqui, de norte a sul de Portugal, ao vosso lado e de cabeça erguida! Não faltes!
Fontes: DN, Esquerda.net, P3 e imagem.