Quintino Aires: “A Homofobia É Um Problema Dentro Da Cabeça Dos Homossexuais”

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A questão da homofobia – que é um problema ainda – é um problema dentro da cabeça dos homossexuais. Não precisamos dos desfiles da vergonha – como lhes chamo – que enviesam toda a leitura que é para fazer. Um casal homossexual é um homem com um homem e sem o resto do folclore.

Sem arraiais e letreiros na testa…

Exatamente!

Foi esta uma breve passagem do ainda psicólogo Quintino Aires, cédula profissional 9042, num programa de televisão. Por entre afirmações racistas e homofóbicas que tem feito nos últimos anos – e que já lhe trouxeram sanções por parte da Ordem dos Psicólogos Portugueses que lhe tem tentado retirar a cédula – Quintino volta a repetir o mesmo discurso preconceituoso.

A própria Ordem considerou que Quintino violou o código deontológico que deve ser absolutamente respeitado também em “declarações públicas prestadas nos mais diversos âmbitos, incluindo programas de rádio e televisão, artigos em jornais ou revistas, conferências e internet“.

Independentemente do conteúdo do programa televisivo, existe aqui uma clara desresponsabilização por parte de quem partilha publicamente uma mensagem de preconceito e ódio que alcança inúmeras pessoas. Quantas delas vêem ali uma validação do discurso?

Mais, o folclore, os arraiais e os letreiros na testa que tanto Quintino reprova têm uma razão de ser: são um momento de afirmação, pessoal e coletiva, contra as palavras e os atos de ódio que, todos os dias e desde muito jovens, nos são impostos por Quintinos e Cinhas da vida.

O problema está sim na cabeça de pessoas como estas. Pequeninas. Sejamos pois enormes no mês do orgulho que se aproxima e, de forma a marcarmos posição perante declarações destas, enchamos as ruas, as marchas e os arraiais de cor e humanidade. Deslumbrante humanidade. Que lhes sirva de lição.

5 comentários

  1. Eu não sou fã do Aires, nem perto. Dito isto, têm que ser mais fortes e não podem ficar ofendidos por estas palavras. Este nível de ultraje face às mesmas roça o ridículo e o ponto apresentado sobre os desfiles não é tão idiota como aparenta. Uma grande parte da comunidade LGBT, penso que até a maioria, desgosta dos mesmos visto que em vez de normalizar acaba por fazer o oposto. Gosto do estilo de escrita mas não é necessário tanta fúria – fúria esta que o faz descer ao mesmo nível de quem ataca. Cumprimentos e bom futuro mês de orgulho.

  2. Acho piada a tudo o que se desenrola cada vez que este senhor fala. Sobretudo porque primeiro ninguem vê o programa em questão mas toda a gente sabe que alguém disse a palavra X a uma da manhã em plena televisão nacional. Acho piada também que sempre que surge alguem que se opoe a arraiais e a letreiros na testa tambem se atirei ao osso de uma forma tao feroz. E geralmente quem é que amua quando ouve a verdade? Pois é… Normalmente é o culpado que amua… ele tem toda a razão quando disse o que disse. O odio a fobia a desclasse o horror vem de dentro da cabeça das pessoas. Se o hetero nao tem de se assumir porque é que eu tenho? Porque é que é preciso ir para a rua todo nu e embrulhado em plumas para me afirmar? Porque é que tenho de me afirmar como gay, bi, wtv se o mais importante é afirmar-me enquanto pessoa como todas as outras? Porque é que preciso de sair do armario se esse armario nunca existiu dentro dami ha cabeça? Chamam-nos nomes? Sim, e fico tao ofendido quando me chamam maricas quanto eles quando lhes chamo FDP! Será que é possivel cada um viver a vida como quer e bem lhe apetece sem que venham atirar postas de pescada sobre o que se deve dizer, onde se deve dizer, como se deve dizer… Tudo isto é ridiculo… Tudo isto é fado.

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