Portugal: Um terço dos jovens LGBTI ainda teme pela sua segurança em ambiente escolar

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Mais de um terço de estudantes LGBTI de escolas portuguesa sentem-se inseguros e inseguras em ambiente escolar devido à sua orientação sexual, com números semelhantes relativos à identidade de género.

São números do Estudo Nacional sobre o Ambiente Escolar, levado a cabo pela associação ILGA Portugal em parceria com o Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE-IUL e Centro de Psicologia da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, também contando com suporte da rede norte-americana GLSEN (Gay, Lesbian and Straight Education Network). A amostragem engloba 663 jovens entre os 14 e os 20 anos, dois terços de zonas urbanas, e cinco em cada seis do ensino público.

A juntar à insegurança vivenciada pelos alunos LGBTI que os leva a evitar espaços comuns, desportivos e também a faltar às aulas, mais de 60% ouvem comentários homofóbicos e violência verbal frequentes, a maioria proveniente de colegas mas também de pessoal docente e não-docente. Números preocupantes de bullying que em quase 20% de inquiridos e inquiridas confessa também envolver também assédio físico.

Chocante é as ainda pouco frequentes intervenções a comentários homofóbicos serem feitas maioritariamente por colegas preocupad@s e não por pessoal da escola. Isto é particularmente alarmante quando, em oposição direta, a insegurança diminui consideravelmente quando existe pessoal docente e não-docente que apoia os estudantes LGBTI e/ou existem políticas direcionadas de bullying e programas de inclusão LGBTI.

Não é novidade que parte da criação de um ambiente escolar seguro para todos e todas tenha de partir do pessoal da escola. Mas se é infeliz a não inclusão dos alunos em todas as atividades da escola e a falta de promoção de ações de sensibilização contra o bullying de estudantes LGBTI, é absolutamente indesculpável que estes alunos continuem a sofrer violência verbal e mesmo física com a cumplicidade do pessoal, sendo até ele muitas vezes o perpetrador. Há que, de uma vez por todas, convidar recorrentemente todas as associações de proteção dos direitos LGBT a entrar na escola e não serem elas a terem de implorar passar os portões para ações de sensibilização. Há que aumentar a visibilidade das temáticas LGBTI nas escolas de forma a normalizar a sua existência e não deixá-las na marginalidade. Há que formar os docentes decentemente para saberem lidar com os estudantes LGBTI e a discriminação que vivem, de forma a não a perpetuar. E há que sancionar sem pudor aqueles que fazem o oposto.

Ainda esta semana assistimos a uma força inacreditável de ódio homofóbico proveniente de jovens portugues@s nas redes sociais. Chega de incentivar ou tolerar estes comportamentos nas escolas. Chega de continuar a deixar as vítimas de discriminação na invisibilidade e em sofrimento contínuo. Estamos em 2018. Chega.

Estudo completo disponível no site da ILGA Portugal

Fonte: Público Imagem: JMLPhotography