Porque estamos ainda no mês de Junho e porque estamos no início do Verão que nos faz voltar às boas memórias de juventude, de tempos de férias sem fim, de amores e desamores, de emoções e paixões fortes e pujantes despertas pela primeira vez, quero aqui falar sobre uma pequena pérola em que tropecei ontem duma forma muito casual. Por acaso a minha filha mais nova já tinha ouvido falar do filme “Love, Simon” (como? De onde lhes vem esta informação que a nós nos passa completamente ao lado?) e ao início pensei que fosse uma história de adolescentes para adolescentes, mas estava redondamente enganada.
A história de Simon, um estudante do 12º ano, poderia ser igual a tantas outras de rapazes oriundos de famílias de classe média, parte duma família estruturada e com o seu grupo de amigos bem definido. Mas logo ao início do filme Simon diz-nos que tem um segredo que esconde de toda a gente, ele é gay. E não o esconde porque vive numa família ou sociedade homofóbica. Muito pelo contrário, a Mãe é uma terapeuta bastante liberal e o Pai sempre o apoiou e suportou em tudo. No liceu existe um outro rapaz gay, este assumido, que sim de facto é vítima de piadolas e graçolas por ser um rapaz efeminado. Mas não será diferente de tantos outros rapazes ou raparigas que são alvo de chacota por serem ou parecerem diferentes dos demais.
Simon ainda não fez o seu “come out” porque é jovem e não tem a certeza do que sente, sabe que é diferente, mas tem medo que assumir a sua diferença possa ter impacto nas relações que tem com os amigos e com a família. Até que encontra uma espécie de “alma gémea” na internet, outro rapaz gay também não assumido e essa relação faz com que ponha em causa o porquê do seu silêncio, apesar de ser uma relação virtual com uma pessoa anónima.
É tudo tão banal, tão simples mas ao mesmo tempo é uma história tão bonita sobre a descoberta da sexualidade por parte de um rapaz, sem grandes dramatismos nem finais trágicos como é apanágio dos filmes que se centram em personagens LGBT. Admito que me emocionei, que deixei até cair umas lágrimas, porque a mensagem por uma vez é positiva! Uma espécie de “love conquers all” (o amor tudo conquista) que é tão rara de escutar hoje em dia.
Vivemos um período estranho, com líderes que querem devolver-nos aos tempos de antigamente, mas por outro lado existem focos de resistência, pequenos raios de luz que nos dizem que quando esta geração de líderes soçobrar tempos melhores virão. Este filme é um desses raios de luz, com um final que nos devolve a esperança na humanidade. É de ir ver, e é de registar como algo que se destaca positivamente na biblioteca de filmes LGBT que temos ao dispor. Afinal nós não somos todos seres amargurados que vivemos na ânsia de sermos expostos pelo que somos. Por uma vez aqui está um personagem bem resolvido, que apenas precisava de encontrar o seu tempo certo para agir, sem medo, sem vergonha, sem dor. E viva o Amor!
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