O prémio Equalgame e a sua importância

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Ontem, a UEFA, entregou, pela primeira vez, o prémio Equalgame, com o objetivo de “promoção da diversidade, da paz e da reconciliação, pelo futebol para todos, pela saúde, pela defesa do ambiente e pela luta contra a discriminação, o racismo e a violência.” Este prémio surge inserido numa campanha de promoção da UEFA de valores “como a inclusão, a igualdade de género e o combate à discriminação.

O primeiro vencedor, deste prémio, foi Guram Kashia, jogador da Geórgia, que representou na época passada o Vitesse, da primeira liga Holandesa. Este prémio foi entregue porque o jogador, enquanto capitão de equipa, envergou uma braçadeira de capitão com a bandeira arco-íris, um dos símbolos da comunidade LGBTI, como apoio às pessoas LGBTI e pela igualdade e respeito de todos.

Guram afirmou que acredita na “igualdade para todos, não importando no que tu acreditas, quem tu amas ou quem tu és”.

O jogador lutou contra o preconceito e a intolerância que existe contra a comunidade LGBTI, com particular destaque, para o seu país natal, a Geórgia. Na altura, o jogador foi alvo de várias ameaças e ataques com o objetivo de o demoverem de entrar em campo com a braçadeira de capitão em causa.

Este prémio é de uma grande importância, dado que traz para o desporto, e para o futebol em particular o tema LGBTI, isto porque o futebol é ainda um dos desportos onde muito poucos jogadores tiveram o seu coming out e porque é um meio onde o preconceito e a intolerância são extremamente significativos.

Felizmente, que grandes passos vão sendo já dados neste campo, com bons exemplos, dos quais destaco dois, um primeiro que aconteceu com uma equipa espanhola que num dos seus equipamentos apresentava a uma lista com a bandeira LGBTI e o particular entre as seleções da Irlanda e dos EUA, onde os números das camisolas eram com as cores da bandeira arco-íris.

Ontem, no comentário da TVI24, que transmitiu em direto o sorteio da fase de grupos da Champions, podemos observar que existe ainda um longo caminho a percorrer no campo da igualdade, no futebol português. Dani, um destacado ex-jogador português e atual comentador de futebol, sugeriu que os jogadores que tivessem o seu coming out, deveriam ter um balneário diferente, dado que poderiam criar um mal-estar para alguns jogadores da equipa que representam.

Esta é uma atitude vergonhosa e lamentável a todos os níveis, dado que promove a intolerância e a discriminação das pessoas LGBTI, forçando num extremo, a que muitas se mantenham escondidas dentro do armário, com receio de situações como esta.

Atitudes como esta e muitas outras que vamos observando, no nosso dia-a-dia, reforçam a ideia da extrema necessidade de existirem campanhas de promoção da igualdade e do respeito por todos, sendo que aqui os três grandes do nosso futebol, poderiam e deveriam ter um papel fundamental, com situações semelhantes à do jogo entre a Irlanda e os EUA.

Filipe Fernandes

 

Fonte: Imagem.