The Blaze lançam Dancehall e voltam a apostar nos afetos

Duas semanas depois de terem brilhado na edição deste ano do Vodafone Paredes de Coura e depois da exploração em vídeo de uma noite passada a dois, no masculino, onde as insinuações são mais fortes que aquilo que queremos ver, The Blaze voltam a apostar na desconstrução do género, daquilo que se espera de um e outro, no que representam os afetos, desta vez no feminino.

Dancehall é o nome do álbum de estreia de GuillaumeJonathan Alric, primos que viram a sua paixão pela música (do primeiro) e pelo cinema (do segundo) unirem-se de forma surpreendente em toda a sua imagética e receberem elogios e prémios um pouco por todo o mundo. Entre eles, destaca-se o de Barry Jenkins, realizador do oscarizado Moonlight:

Com todo este impacto, a verdade é que, e como já aqui foi dito em 2017, “The Blaze tem vindo a tornar-se conhecida não só pela música que produz, mas também pela qualidade dos seus videoclips, verdadeiras curtas-metragens devidamente estruturadas e argumentadas.” Ainda assim, depois de um aclamado EP, Territory, o grande teste para a banda francesa multicultural, seria o seu agora lançado álbum de estreia. E acertaram em cheio!

O álbum não chega a repetir a fórmula do EP, com as suas batidas eletrónicas pesadas associadas a vozes emocionais e a elementos frágeis. Apesar do primeiro single fazer essa ponte entre projetos, Heaven será porventura a faixa que mais bagagem traz de Territory. As restantes canções dão continuidade ao elemento sensível da produção característica da banda, mas arriscam ir por trilhos novos, como em She, em que esta se aproxima muito mais de uma eletrónica mais mainstream sem esquecer nunca as palavras que a preenchem, cheia de amor e tragédia.

Mas eis que chegamos à faixa que aqui nos trouxe, o novo single com direito a videoclip e que, não por acaso, se chama Queens. Se em Virile era explorada a interação entre dois homens sozinhos numa noite de um apartamento de Bruxelas, desta vez é-nos contada a história de duas mulheres, duas raínhas. E, sim, é trágica e emocional, em que uma das mulheres morre, mas o cuidado com as imagens e a letra (“Adeus, adeus, adeus, eras a minha força…“) tornam este em mais um grande vídeo e uma grande canção da banda.

Tal como em Virile, são feitas apenas insinuações, em que o choque de culturas não é apenas um acaso. Serão amigas? Irmãs? Amantes? São mulheres. Duas. E uma, mais do que qualquer outra pessoas que surge no vídeo, chora a morte da outra, como se sua se tratasse. Porque também ela morreu. De duas passaram a uma. E é “ensurdecedor!

Por tudo isto, vale a pena ver esta ode ao Amor, no feminino, mas universal:

Poderão igualmente ouvir o álbum completo no Spotify:

Por Pedro Carreira

Ativista pelos Direitos Humanos na ILGA Portugal e na esQrever. Opinião expressa a título individual. Instagram/Twitter/TikTok/Mastodon/Bluesky: @pedrojdoc

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