Setembro recheado de cultura e avanços políticos

O nono mês do ano trouxe boas notícias e eventos inusitados, no entanto necessários e, obviamente, divertidos. Os eventos e as festas LGBTQI+ caraterizam-se pela sua excentricidade. Talvez seja por isso que, muitas vezes, sejam alvo de chacota ou de preconceito. Porém, quiçá, o combate ao preconceito não deverá ser o objeto principal nestes acontecimentos. Pois, o que possivelmente interessará mais à comunidade nestas alturas é a diversão e inclusão. Assim como poder conhecer uma cultura que, por vezes, está mais escondida ou é de difícil acesso.

Comecemos, então, pelo Festival Internacional de Cinema Queer (ou apenas Queer Lisboa). À semelhança do Queer Porto, o festival que se realiza na capital portuguesa trata temáticas e estéticas relacionadas com questões de género, identidades ou corpos. Faz todo o sentido a existência de um festival que aborde este género de temáticas e que se foque, essencialmente, no respeito pela diferença. Nunca pela aceitação, que essa não é necessária. Respeito, sim! E, já agora, pelo seu caráter informativo, sendo que os filmes têm essa condição e responsabilidade. Um filme passa sempre alguma mensagem e, no caso dos LGBTQI+, não há dúvidas que esse será um dos grandes objetivos quando o realizador pensa a sua obra. O festival tem sido acompanhado e noticiado aqui no esQrever e convido-o a ler o que já foi escrito. Com duração de 14 a 22, o Queer Lisboa termina já amanhã com filmes como Contact, Night Owls ou Punk Voyage. Basta consultar, no site oficial, as horas e o cinema onde vão passar as películas.

Um outro evento que também merece destaque neste artigo é o Concurso Miss Drag Lisboa. A miss mais drag de todas foi escolhida num desfile que se realizou no Estúdio Time Out. Depois da performance de doze candidatas, foram escolhidas apenas três para finalistas. Lola, que competia contra Alexa e Cher, saiu-se a grande vencedora. Um concurso de drags não pode ser encarado como um qualquer concurso de misses. Podemos considerá-lo um evento mais artístico, dado que o mote do evento é a arte do transformismo. De artistas que fazem e vivem desta profissão. Uma profissão que poderá não ser bem recebida no meio artístico. Então, afinal, o que é arte? Esta pergunta dá pano para mangas, portanto desafio o leitor a comentar esta questão.

Por fim, mas não menos importante, gostaria de fazer referência à descriminalização da homossexualidade na Índia. A notícia foi dada dia 6 e deu conta da revogação da lei que não permitia o sexo que não fosse vaginal, portanto contemplava-se o sexo oral e anal. Era crime praticar esses tipos de atos sexuais e, aquando da decisão dos juízes do Supremo Tribunal, ainda houve argumentos como o medo do VIH e do casamento homossexual. No entanto, “referem os juízes que a lei é irracional, indefensável e manifestamente arbitrária e que ao impedir sexo consensual entre adultos não pode ser considerada constitucional”, segundo escreve o André Nóbrega aqui no site. Posto isto, é altura de celebrar o facto de haver mais um ponto no Mundo onde se pode ser livre.

Estas terão sido, talvez, as grandes notícias do mês de Setembro. Outras haverá, pois ainda faltam uns dias para o mês terminar. Fica aqui, então, esta pequena reflexão sobre a atualidade. E, não nos esqueçamos, ainda há mais a fazer. Mas este é o caminho!

Fotografia por Brian Patrick Tagalog.

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