E chegámos ao final de mais uma edição fenomenal do Queer Lisboa, que na sua 22ª encarnação apresentou um dos seus programas mais diversos e inclusivos de todas as vertentes da experiência Queer. Num dia que viu a exibição do belo filme francês de primeiras paixões “L’Amour Debout” e uma retrospetiva da Eurovisão no Queerpop, a sessão de encerramento atribuiu os seus prémios principais ao filme argentino “Marilyn” e ao documentário libanês “Room for a Man“. O nosso favorito, “Girl“, arrecadou o prémio do público e também o de melhor actor para o incrível Victor Polster. Lista completa de vencedores abaixo.
Mas para último estava guardado um dos maiores diamantes em bruto de todo o festival. “Bixa Travesty” estreou na Berlinale onde arrecadou o Teddy Award para melhor documentário. Da autoria de Claudia Priscilla e Kiko Goifam nele é retratada vida da ativista queer Linn Da Quebrada. Favelada. Preta. Traveca. Viada. Bixa. Despudoradamente ela. E, aos 28 anos, é uma das vozes mais fortes e bélicas da comunidade queer no Brasil. E do Mundo. A forma altamente politizada com que se apresenta em palco é incrível, desvirtuando a batida funk para servir o propósito de colocar o preconceito de género e racial num espelho em que todos e todas se possam identificar. Auto-intitula-se uma terrorista de género e o que faz é apagar as linhas do binarismo, com uma força felina e um discurso tão mordaz e sarcástico que é impossível não nos apaixonarmos, de pés e cabeça, por ela. E o documentário faz um trabalho soberbo na forma como vai apresentando Linn através da música e das letras acutilantes, enquanto mostra as dificuldades de Linn e das pessoas maravilhosas que povoam a sua vida. Absolutamente imperdível e um derrubar total de pré-conceitos.
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