Orientação e género

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Quando escrevi a minha primeira crónica, A Cor do Género, foi com o intuito de desmistificar e informar, dentro das minhas capacidades de pesquisa e perceção das temáticas abordadas aqui no site. Após a publicação do artigo, recebi algumas mensagens para escrever mais acerca daquilo que significa a sigla LGBTQI+ e também para explorar mais as questões de género. Percebi, assim, que o assunto ainda continua muito oculto na sociedade e que nem toda a gente está informada. Eu próprio não sei tudo e será muito interessante escrever este artigo.

Comecemos pelo mais simples, a famosa sigla LGBTQI+. Existem muitas variantes. Pode surgir apenas como LGBT, ou LGBTQ, etc. O que importa é perceber o que diz cada letrinha. O L refere-se a pessoas lésbicas (mulheres que sentem atração por mulheres); o G refere-se a gays (homens que sentem atração por homens); o B a bissexuais (pessoas que sentem atração por homens e por mulheres); o T tanto se pode referir a transexuais como a transgéneros (pessoas cujo sexo biológico não coincide com o género com o qual se identificam); o Q remete para queer (termo que pode englobar todas as pessoas que não se identificam como heterossexuais, sendo um conceito mais vasto); o I refere-se a intersexuais (pessoas com caraterísticas físicas e psíquicas que não são exclusivamente masculinas ou femininas). O + é o que pode suscitar mais dúvidas mas, pela lógica, percebe-se que o objetivo é englobar outras orientações e géneros, por exemplo os assexuais (pessoas que não sentem atração sexual por ninguém, ou que não têm orientação sexual), pansexuais (atração sexual ou amorosa entre pessoas, independentemente do sexo ou identidade de gênero), polissexuais (atração por vários géneros), entre outros.

O que, naturalmente, causará mais confusão é o género. Porque, no que diz respeito à orientação sexual, é fácil de perceber que uma pessoa pode gostar de diferentes indivíduos. Ora bem, o género é quem somos. O que nós somos. Com a ajuda desta imagem, percebemos que a identidade de género é o género com o qual uma pessoa se identifica (no bonequinho, é algo que está no cérebro), se somos homem, mulher ou transgénero (transexual). A expressão de género engloba todas as caraterísticas, modificações corporais e até a forma de vestir que preferimos e podemos ser mais masculinos ou femininos, ou então andrógenos (mistura de caraterísticas físicas e masculinas numa única pessoa). O sexo biológico refere-se ao órgão sexual que possuímos, se somos macho ou fêmea; no caso de se verificar a intersexualidade, há que ter em consideração a ambiguidade sexual ou alguma diferença ao nível dos cromossomas. Por fim, a orientação sexual (que, no nosso bonequinho aponta para o coração) refere-se à atração que sentimos por outras pessoas. A heterossexualidade abrange pessoas que preferem indivíduos do sexo oposto, a bissexualidade de ambos e a homossexualidade do mesmo.

Para concluir, importa sublinhar que existem várias formas de ser. Ou seja, é possível concretizar inúmeras combinações entre género e orientação sexual. Por exemplo, uma mulher que tenha expressão de género feminina pode ter como orientação sexual a homossexualidade ou um homem ser mais feminino e ser heterossexual. O que, muitas vezes, dificulta a compreensão destas questões são os estereótipos sociais. Assim sendo, espero que o artigo ajude a perceber melhor a questão de género e a orientação. Com isto, não espero que andemos todos na rua a tentar perceber se alguém é mais masculino, se é mulher, etc. Pois o importante é que cada um seja livre de se sentir como realmente gosta e essa é a beleza da vida.

 

Fotografia por Sharon McCutcheon.

8 comentários

  1. Ou seja: o indíviduo não é nada. O sexo que pratica e com quem o pratica é que o define. É esta a triste desconstrucção do indivíduo que a ideologia de género promove. Tu és o sexo que fazes, ou não fazes, e, à parte disso não és ninguém. O indivíduo é regido pelo sexo e incapaz de ser alguém à parte da sua actividade sexual… Triste.

    1. Cara Mª Helena, a atividade sexual é apenas uma das caraterísticas que define cada indivíduo. À parte da orientação sexual, ainda existe a identidade e expressão de género, assim como o nosso próprio sexo biológico. Todas estas caraterísticas ou condições humanas definem quem somos, pois estão presentes e marcam a diferença na sociedade. Não podemos ser todos iguais. Evidentemente que, de outro ponto de vista, também as vivências e circunstâncias da vida definem cada indivíduo; não apenas a orientação e género. Nunca escrevi tal coisa no meu artigo. Obrigado pelo comentário e espero ter esclarecido 🙂

  2. Por vivência verifiquei que o genero e a sexualidade, Não precisam e Nem são inerentes! Via de regra, os transexuais tem são dois conflitos: quanto a femilidade que possa ter, ate chegamos a ouvir nesse sentido: bem educado ou bem sensivel, para um homem cisgenero! E mesmo entre cisgeneros, Nunca é cogitado quem é “macho ou femea” (ativo ou passivo), mas fica implicita a complementariedade, o desejo mutuo ao carinho como se beijarem ou namoro (ou relação fluida)! Numa viagem, como geralmente faço em viagens, busco taxista que faça citytour! Numa ocasião, terceiro dia, juntos e mais entrosados, despedindo com beijo demorado, o funcionário do hotel, liberou a subida dele! Nem minha voz grossa, corpo peludo, ereção mutua, fez ele ter alguma duvida que poderia me penetrar! E, ai que percebo, o “outro conflito” do transexual: como se a heteronormatividade tenha que prevalecer: como trans e sabendo que é homossexual, tivesse ele que “negar o genero biológico” para formar casal “hetero” e ser feliz, sem preconceito social a homoafetividade!

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