Bolsonaro na tomada de posse diz querer combater a ideologia de género para “conservar os nossos valores”

No seu discurso de posse no primeiro dia do ano, o presidente Jair Bolsonaro disse que quer “reerguer a pátria” livre de “submissão ideológica“. O novo mandatário disse ainda que vai “unir o povo, valorizar a família, respeitar as religiões e nossa tradição judaico-cristã, combater a ideologia de género, conservando nossos valores.

Se eu for presidente [a ideologia de género] vai deixar de existir”, garantia assim o então candidato em outubro passado. O facto de ter escolhido este tema para o seu discurso de tomada de posse mostra a importância que o mesmo tem nas suas convicções.

O termo ideologia de género relaciona-se, quase sempre em forma de negação, com a identidade de género. Para estas pessoas, todos os estudos que se relacionam com a nossa identidade – mulher, homem, cis, trans… – são ignorados ou desacreditados, simplesmente porque não se enquadram na sua curta visão sobre o que é a identidade de casa pessoa. Para tal, importa tomar conhecimento sobre conceitos tão simples como sexo (características biológicas e fisiológicas que diferenciam homens de mulheres), género (entendimento social sobre o que é masculino e o que é feminino), transgénero (pessoa com uma identidade de género que não combina com o sexo com que nasceu), intersexual (pessoa com atributos sexuais que incorporam ambos ou parte dos dois géneros).

Combater estas ideias é colocar em risco toda uma população brasileira que vive já numa das sociedades mais violentas do mundo e onde centenas de pessoas LGBTI, em especial as trans, são assassinadas todos os anos. Ter o próprio presidente a validar estas ideias e, inclusive, este grau de violência, é dar força a quem odeia, agride e mata a população LGBTI brasileira.

Com a escalada da violência nos últimos anos no Brasil, este é um mau prenúncio para a resolução deste complexo problema que ainda em 2017 matou 445 pessoas LGBTI em crimes de ódio. Bolsonaro não só não as protege, como as coloca em maior perigo eminente. Pergunto, que raio de presidente é este?

Atualização:

Nem a propósito, “a medida provisória de nº 870/19 assinada por Jair Bolsonaro, acaba de retirar LGBT da lista de políticas e diretrizes destinadas à promoção dos direitos humanos.

Fontes: UOL e Gospel Pride.

Por Pedro Carreira

Ativista pelos Direitos Humanos na ILGA Portugal e na esQrever. Opinião expressa a título individual. Instagram/Twitter/TikTok/Mastodon/Bluesky: @pedrojdoc

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