Manuela Moura Guedes: “LGBTI, o I é a Ideologia”

Manuela Moura Guedes esteve ontem no Jornal da Noite da SIC na sua rubrica A Procuradora conduzida pela Clara de Sousa. Aproveitou assim o seu espaço para se pronunciar sobre a ida de associações LGBTI a escolas. Para começar, a comentadora – tal como outros seus colegas, aliás – não acerta no nome da associação em causa, a rede ex aequo, tal é o seu grau de profissionalismo. A comentadora questiona por que razão vão “ativistas”, essa palavra feia, às escolas? Bem, talvez para sensibilizar jovens a não falarem de igualdade usando expressões como “brancos, pretos e amarelos”? Talvez a estranheza que diz as crianças sentirem por estes temas serem tratados de forma “anormal” seja, na realidade, ainda maior no momento em que a ouvem falar neste tom. Mas, pior, ela não se ficou por aqui. Afinal de contas, o que quer dizer LGBTI?

O I é a Ideologia, porque Intersexo tu não sabes, é a Ideologia de Género em que tu não és definido biologicamente, tu és aquilo que quiseres ser, que é uma construção social, que é uma tolice! A legislação fala de igualdade de género, não de identidade.

Uma tolice, digo eu, é tentar falar de algo que tão obviamente não se compreende em pleno programa de informação e em pleno horário nobre. Igualdade de Género, embora relacionada, não é Identidade de Género e muito menos Intersexo. Se a primeira debruça-se sobre a igualdade entre homens e mulheres, a segunda relaciona-se com a autodeterminação identitária de cada pessoa e, por fim, Intersexo refere-se a pessoas que nascem com uma anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixa na definição típica de sexo feminino ou masculino. Confuso?

Já Manuela Moura Guedes acha que as crianças podem passar por fases de vida “confusas” e que com este tipo de assuntos “uma criança pode chegar a casa e dizer a ela própria que quer é um armário”. Muito mais claro assim, não é verdade? Mais claro a tolice do comentário, como é óbvio!

Outro ponto que estranhei durante a rubrica é a passividade da jornalista que, em vez de confrontar a comentadora com as suas imprecisões – chamemos-lhes assim – limita-se a acenar e a validar o que está a ser dito com ‘pois’ e ‘sins’, nunca questionando a suposta informação que está ali a ser partilhada. Ter o papel de moderadora num espaço informativo passa precisamente por isso, por informar e é responsabilidade sua não deixar passar tudo o que é dito sem, pelo menos, questionar sobre a veracidade de alguns comentários.

Há pois que fazer melhor, muito melhor, porque este tipo de desinformação não cabe num espaço jornalístico que se diz de referência. Porque estamos a falar de associações com anos de trabalho no terreno, na primeira pessoa, olhos nos olhos, de e para jovens que, a convite e com supervisão das escolas, falaram de uma realidade que para muitas daquelas pessoas pensar-se-ia escondida por vergonha. Mas aqueles e aquelas jovens deram a cara, mostraram que é possível ser, com orgulho! Porque as coisas que a Manuela disse “não foram poemas nem rosas”, foram mesmo a mais irresponsável das tolices!


4 comentários

  1. Em relação à moderadora, sim, concordo, não moderou nada. Inércia total. Talvez nem tenha estudado o assunto nem lhe interessa. Por isso é que a Judite de Sousa é a jornalista profissional que é, sem ninguém ser igual a ela. Este trabalho de moderar não é para todos de facto. Quanto à MMG nem vou comentar. Como procuradora ela que vá procurar saber mais das suas matérias…

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