Dina: “A homofobia é ignorância!”

Faleceu aos 62 anos a cantora Ondina Veloso, mais conhecida pelo nome artístico Dina. Depois de ter vencido o Festival da Canção em 1992 com o clássico Amor de Água Fresca, tornou-se numa das primeiras figuras públicas a assumir-se homossexual em Portugal.

Todas as pessoas que me conheciam aceitaram muito bem, até gente mais conservadora. Quem já gostava de mim, continuava a gostar“, recordou numa entrevista por altura do concerto de despedida em 2016 onde reforça que não teve amigos homofóbicos, porque “a homofobia é ignorância, levavam logo dois estalos. Eu sou normal.

Embora Dina tenha achado que estes temas perderam entretanto a sua importância, diz que se assumiu para combater a discriminação numa altura, meados da década de 1990, “em que ninguém conhecido se tinha assumido.

Como as nossas vidas estão cheias de incongruências, foi também por essa altura que Dina criou o hino do CDS, então liderado por Manuel Monteiro, um partido que se opôs ao longos dos anos a muitos dos avanços em Portugal a favor dos direitos das pessoas LGBTI.

Tudo isto, embora faça parte da sua forma de estar, em nada impede que Dina, para além da sua coragem ao afirmar-se lésbica numa altura em que era preciso ainda mais determinação que hoje, tenha também sido uma artista que marcou a cultura portuguesa com uma das canções mais reconhecidas da década de 1990, Amor de Água Fresca:

Mas se me atrevesse a uma escolha mais pessoal, da Dina forço-me a escolher antes este seu belo dueto com Carlos Paião:

Quando as nuvens chorarem
E as águas secarem, teus olhos sem fim
Partirei nessa hora, chovendo lá fora
Por dentro de mim…

Adeus, Dina. Obrigado.

Fontes: Público, Sábado e ESC.


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