Muitas vezes falamos aqui de representação. E é uma discussão sempre complexa. Rebate-se muito com a argumentação de que um ator ou atriz deve ser sempre capaz de desempenhar bem qualquer papel, independentemente do seu background e da sua realidade pessoal. O que é verdade, claro. Mas é também assente numa base de idealismo que não existe no mundo artístico e comercial.
Quantas vezes não vemos atores heterossexuais desempenhar (com variados graus de sucesso) homens homossexuais e mesmo mulheres trans? Porque têm essa oportunidade. Mas o contrário já não é verdade. De todo. Por isso é que a representação é tão importante no momento crucial de revolução cultural em que estamos. Dá oportunidade das pessoas que foram feitas invisíveis toda a sua vida de contarem as suas próprias histórias.
E essa oportunidade não podia ser mais verdadeira quando falamos de Ryan O’Connell, escritor de colunas online e de séries como Awkward e Will & Grace. Agora apresenta a sua semi-auto-biográfica série da Netflix, Special, que promete mudar o panorama e colocar a discussão na mesa. Ryan é gay e tem paralisia cerebral. Começa um novo emprego e decide de sair de casa da mãe, uma incrível Jessica Hecht, que sempre o protegeu do mundo e agora deixa-o finalmente ganhar asas para voar. E se magoar. Para crescer.
Special é uma maravilhosa série de comédia que se vê de uma assentada, até porque são apenas 8 episódios de 15 minutos cada, o único ponto fraco da série: queríamos mesmo passar mais tempo com Ryan e as restantes personagens, todas igualmente ricas e representativas das pessoas que conhecemos mas não vemos na televisão. O’Connell é claro o cerne e coração de Special, que confessou que teve de fazer dois coming out e combater duas fobias: homofobia e, talvez mais forte ainda, fobia de pessoas com deficiência.
E nos 120 minutos da série explora essas batalhas e muitas outras de forma leve e cómica mas não menos pertinente ou acutilante. E ao mostrar essa luta chama-nos para esse espaço em que todos e todas nos podemos identificar. E essa partilha torna-se universal. Esperamos ansiosamente pela segunda temporada. Com mais episódios e maior duração Netflix, por favor.
Ep.186 – Renaissance: A Film by Beyoncé (hmmm, yummy, yummy, yummy, make a bummy heated) – Dar Voz a esQrever: Notícias, Cultura e Opinião LGBTI 🎙🏳️🌈
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Adorei esta série, acerca da qual escrevi em http://insensato.pt/a-serie-special-uma-abordagem-156025