Entrevista a Miss Moço e Miguel Rita do Miss Drag Lisboa 2019: “O talento está a crescer em Portugal”

Miss Moço

O novo concurso de exibição do drag que se faz em Portugal está a voltar com o Miss Drag Lisboa, que verá este mês já a sua terceira edição. Falámos novamente com a Miss Moço, apresentadora e produtora do evento, e Miguel Rita, DJ e também produtor, para sabermos o que esperar da noite de 7 de setembro no Espaço TimeOut.

O espectáculo do ano passado foi enorme. O que gostaste de mais de ver neste novo público em Portugal que está cada vez mais interessado em ver drag? 

MISS MOÇO: É muito excitante. O ano passado arriscámos imenso em ir para um espaço 4 vezes maior do que no ano de estreia em 2017 e fico extasiada de haver tanta gente a querer ver drag. Tem sido cada vez mais entusiasmante para as concorrentes que são capazes de expandir a sua audiência e construir uma marca para elas próprias.

Qual foi o maior desafio de produção de passar a ocupar um lugar tão amplo quanto o Espaço TimeOut?

MIGUEL RITA: O maior desafio talvez tenha sido o orçamento que cresceu com o espaço também. De restou foram só vantagens que potenciaram as sucessivas melhorias que vamos fazendo ao concurso.

O trio vencedor do ano anterior foi incrível e vai voltar este ano para animar o público. O que informou essa decisão e não ter só um um número único da Lola?

MR: Ter o Top 3 de 2018 a atuar este ano é para nós a continuação do ano passado. O ano passado tivemos o Top 2 de 2017, Sylvia Koonz e Nevada Popozuda e a convidada especial Chantelle Pérez. Este ano volta  a valer muito a pena chegar cedo para ver o show de abertura da Lexa BlacK e da Cher No-Billz. A Lola atuará já depois da provas de talento das queens deste ano e vai ser incrível. 

Qual é o critério principal da seleção das queens? Há sempre muitas candidaturas ou há algum medo tipicamente Português desta exposição toda?

MR: O critério principal é talvez o potencial que vemos nas queens. Este ano tínhamos pelo menos uma queen que nunca tinha actuado antes de ser seleccionada. Entretanto isso já mudou, mas não nos opomos a ter estreantes no palco do Miss Drag Lisboa. Ficam sempre algumas queens de fora do line up final mas acho que o receio será talvez em relação ao desafio que é participar.

O que te surpreendeu mais com o drag português mais tradicional quando chegaste a Lisboa?

MM: Fiquei especialmente impressionada como o Finalmente, especificamente, mantinha a sua capacidade de manutenção na comunidade durante tantos anos. O que foi, no entanto, um desafio para trabalhar como uma nova drag queen na cidade onde, na altura, o drag estava tão limitado a tão poucos espaços. Mas! Exactamente por isso mesmo, forçou-me a criar o meu próprio caminho e agora o Miss Drag Lisboa já vai no seu terceiro ano.

E como é agora regressar e ver as novas drag queens aqui?

MM: Amo ver a cena emergente drag cada vez que regresso. Ao começar o Miss Drag Lisboa era o meu objectivo trazer mais oportunidades e visibilidade ao talento que está a crescer aqui em Portugal. 

Quais as maiores diferenças que vês entre as drag queen que trabalham em Lisboa ou noutro qualquer sítio em Portugal?

MM: Acho que com a maioria dos países, nas cidades grandes existe sempre uma cena maior de drag, com mais oportunidades. Eu, pessoalmente, trabalhei em Faro e vi drag no Porto quando estava a viver em Portugal e, no final do dia, estamos todas a tentar fazer o que amamos… e sermos pagas ao fazê-lo! 

Miss Moço e Miguel Rita no Miss Drag Lisboa 2018

Qual o maior desafio especificamente para drag queens Portuguesas para atingir sucesso tanto aqui como fora de Portugal? 

MM: Ainda está a crescer e precisamos de pessoas para vitalizarem o drag. Parcialmente quando eu voltei para Toronto foi porque percebi que ainda teria mais oportunidades de construir uma carreira enquanto drag queen lá. Mas estou feliz de regressar a Lisboa todos os anos porque sinto a falta da cidade o tempo todo.

O RuPaul’s Drag Race foi uma das grandes forças motrizes por detrás de novo talento emergente e ansiando enveredar na arte do drag. Quais achas que foram as influências positivas e negativas do RuPaul?

MM: Acho que o drag no mainstream tem sido muito positivo para as artistas drag, com tantas oportunidades a surgirem. Só consigo ver coisas boas daí. Quer sejam fãs ou performers, o acesso ao drag continua a crescer imensamente. 

Como é ter este ano a Filomena Cautela no júri, trazendo ainda mais visibilidade para o espetáculo?

MR: Ter a Filomena é ótimo e ficamos muito felizes que ela tenha aceitado o nosso convite e qualquer visibilidade a mais para o concurso e para as queens é sempre bem vinda. 

O que podemos esperar de novo desta terceira edição do Miss Drag Lisboa em relação ao ano anterior?

MR: Este ano temos lugares sentados, o palco vai ser ligeiramente diferente, temos a Valley Dation em modo repórter que vai entrevistar as queens e o público. Talvez tenhamos mais umas quantas surpresas mas não podemos revelar já. 

O que falta ao Miss Drag Lisboa para crescer ainda mais? Já há planos para a edição de 2020?

MR: Haverá sempre coisas que podemos melhorar de ano para ano. Por enquanto estamos focados no concurso que está quase quase aí. Planos para 2020? Claro que sim. Até já existem planos para 2021, mas sobre esses planos não podemos revelar mesmo nada. 

Obrigado à Miss Moço e ao Miguel Rita pela entrevista e acima de tudo por impulsionarem esta nova fase do drag Português e darem palco a uma nova geração de talento que, até há muito pouco tempo, estava forçosamente silenciado. 

A terceira edição do Miss Drag Lisboa terá lugar a 7 de Setembro, a partir das 22h30 no Espaço TimeOut do Mercado da Ribeira em Lisboa. Os bilhetes podem ser comprados na Ticketline.


Por Nuno Miguel Gonçalves

I lived once. And then I lived again.

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