Agressões homofóbicas e a ilusão da igualdade

Um casal foi vítima de agressão física por razões homofóbicas no Terreiro do Paço, em Lisboa. Atacados por quatro homens, não deixa de ser irónico, tristemente irónico, que no terceiro país mais seguro do mundo haja quem se considere no direito de agredir alguém em pleno centro de Lisboa pela sua orientação sexual.

Não será certamente por acaso que, embora tenhamos umas das legislações mais avançadas do mundo no que toca aos direitos das pessoas LGBTI, a verdade é que somos simultaneamente um dos países da OCDE onde a aceitação dessas mesmas pessoas é mais baixa.

E este ataque em particular foi cometido em pleno dia, na maior praça do país, a mesma praça que tem recebido nos últimos anos o maior evento do Orgulho LGBTI em Portugal, o Arraial Lisboa Pride. É esta a ilusão que facilmente nos pode enganar hoje em dia, de que, nas palavras de algumas pessoas, estamos em plena igualdade, que vivemos livremente, que nos estamos a vitimizar, que já está tudo feito, que as Marchas e os Arraiais são folclores desnecessários.

Lamento, mas esses são argumentos que não podemos aceitar, não enquanto houver casos tão flagrantes de discriminação e ódio. Precisamos, sim, de mais Orgulho, de mais Marchas e Arraiais, de Norte a Sul do país e ilhas, para que possamos afirmar quem somos e espalhar por Portugal inteiro os afetos que nos unem, os abraços, os beijos, as mãos dadas, tal como, aliás, o resto da população.

Se forem vítimas ou assistirem a algum incidente/crime/abuso LGBTIfóbico devem reportá-lo no Observatório da discriminação contra pessoas LGBTI da ILGA Portugal. Anonimato garantido numa das ferramentas mais importantes contra a LGBTIfobia em Portugal.

Fonte: Imagem.


Por Pedro Carreira

Ativista pelos Direitos Humanos na ILGA Portugal e na esQrever. Opinião expressa a título individual. Instagram/Twitter/TikTok/Mastodon/Bluesky: @pedrojdoc

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