
Segundo o último Eurobarómetro, onde foram questionadas mais de 27.000 pessoas cidadãs na União Europeia quanto à sua percepção sobre a discriminação, a sociedade europeia está a tornar-se mais tolerante. Mas ao analisarmos os dados do estudo facilmente verificamos que, no que toca às pessoas LGBTI, Portugal está aquém da União Europeia. E, talvez não por acaso, pior estamos quando estas questões nos batem à porta.
É que, recordamos, apesar da tremenda evolução legislativa, Portugal persiste na cauda dos países que melhor aceita a homossexualidade e encontra-se também entre os países da OCDE onde as pessoas LGBT sentem maior discriminação.
A verdade é que a maioria das pessoas inquiridas em Portugal (71%) acredita que a discriminação é uma coisa comum. Por exemplo, 42% delas admite que se sentiria totalmente desconfortável no caso de um dos seus filhos ou filhas ter uma relação homossexual (contra 27% na média da União Europeia). Acrescentem-se ainda os 18% dos indivíduos que ficariam moderamente desconfortáveis e temos metade das pessoas com algum problema com o facto de poderem ser pais ou mães de crianças lésbicas, gays ou bissexuais.
Em relação ao local de trabalho, 11% dos indivíduos inquiridos dizem sentir-se totalmente desconfortáveis em trabalhar com colega com uma orientação sexual diferente da sua. Já mais de metade das pessoas (57%) admite estar totalmente confortável com a hipótese de ter um gay, lésbica ou bissexual a assumir o cargo de Presidente da República.
No que toca ao material escolar, 68% das pessoas concorda que este deve conter informação sobre orientação sexual (LGB) e apenas 65% defende que a natureza trans e intersexo deve ser igualmente partilhada em contexto escolar.
43% das pessoas inquiridas defende que os documentos oficiais devem conter uma terceira opção, além do masculino e feminino, para quem não se identifica com os dois géneros.
Como se pode ver, embora a evolução nas leis e na constituição, Portugal continua a ser um país tremendamente preconceituoso e discriminatório no que toca à sua população LGBTI, persistindo em termos sociais aquém da média europeia que, apesar das disparidades entre países, continua largos pontos acima na percepção da liberdade para todas as pessoas.
Para além de termos agora de aprender a lidar com novos desafios políticos e movimentos conservadores que têm vindo a ganhar força um pouco por toda a Europa, importa também informar e educar as pessoas numa lógica de empatia para com as pessoas LGBTI. Porque, depois das conquistas legais conseguidas nas últimas décadas, não queremos – nem podemos – estar na cauda da Europa também aqui.
Fontes: Eurobarómetro e fotografia pela Madalena Veloso.
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