
3 perguntas sobre a prisão do José Castelo Branco.
1. Roubou um perfume ou sentou-se em cima dele e desapareceu?
2. Ficou detido na ala de homens ou mulheres?
3. Se foi na das mulheres, ficou desiludido?
Foi assim que o humorista Nilton, que até há bem pouco tempo era sósia do João Miguel Tavares nas horas vagas, rematou sobre a detenção de José Castelo Branco no aeroporto. Nunca fui especial apreciador do humor de Nilton – nem quando moderou o infame “Barca do Inferno” que provocou o abandono, em direto, de Manuela Moura Guedes o redimiu. Mas isso nem é, sequer, a questão.
Independente de gostarmos ou não da figura espampanante de José Castelo Branco, a piada apoia-se em três pilares que dificilmente a justificam: homofobia, transfobia e misoginia.
Muito se tem falado na liberdade de expressão, especialmente entre a comunidade humorista em Portugal, mas, para deixar isso bem claro, também não é isso que está aqui em causa. Toda a gente tem o direito a dizer besteiras e toda a gente tem o direito a reagir às mesmas, mas nem todas as pessoas conseguem entender este jogo de ancas, um “toma lá, dá cá” que nem toda a gente tem poder de encaixe para tal.
Nilton não é propriamente conhecido pela sua originalidade, apostando num discurso humorístico tão generalista quanto possível, uma espécie de RFM, mas sem a pujança de um Oceano Pacífico. Aqui a sua aposta foi, claramente, agradar ao público que se ri de piadas simplórias sobre meter coisas no rabo, pessoas efeminadas e gays. E é esse o problema, a piada não é só sobre José Castelo Branco, é contra todas as pessoas que são ou se expressam de forma diferente da maioria. Contra os paneleiros, as fufas e travecas. Contra todas as pessoas que levam porrada a vida inteira por serem quem são. E isso, Nilton, não tem piada mesmo nenhuma.
A piada de Nilton contra Castelo Branco (e todas nós) esteve em destaque no Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️🌈, oiçam:
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