Sobre comentários à saída do armário de Pablo Alborán

Muito se tem debatido a questão da saída do armário para as pessoas LGBTI e todos têm a sua opinião e gostam de comentar mesmo quando não sabem do que falam, algo que é o típico de uma certa blogosfera. Tudo isto surge, porque Pablo Alborán decidiu revelar num pequeno vídeo a sua homossexualidade. No entanto, este é um tema que não é fácil para muitas pessoas LGBTI, apesar do que muito se possa pensar.  

O coming out é um momento extremamente angustiante e pessoal e só a própria pessoa pode decidir o que momento o faz. Não vale a pena alguém querer forçar uma saída ou mesmo tentar manter a pessoa no armário. Muita da decisão passa por dois pontos: a sua segurança e o mundo que a envolve.

A segurança passa por aqueles que rodeiam a pessoa, nomeadamente os seus amigos e familiares. E aqui a forma como se ouvem, constantemente, diversas frases e expressões podem indiciar muito de como as pessoas pensam e agem. O preconceito é aqui o ponto fundamental para um retrair na saída do armário. 

No segundo caso, o mundo envolvente é a sociedade em que nos inserimos e essa pode ser tão destrutiva como regeneradora. Destrutiva pelo preconceito, mas acima de tudo, pela discriminação que ainda existe. Regeneradora, porque pode ser um incentivo para os passos de uma saída. No entanto, isto é apenas um segundo passo, dado que o primeiro está intimamente ligado à aceitação da própria pessoa. 

Tudo isto é um processo doloroso e que deixa marcas, sendo que muitas delas permanecem muito tempo com as pessoas e as tornam extremamente inseguras. 

Por isso é essencial não apenas as novas leis que trazem maior igualdade, mas acima de tudo uma mudança de mentalidades, que levem as pessoas a perceber que o preconceito e a discriminação só levam a processos de destruição. Aceitar os outros e respeitá-los é e continuará a ser um processo de educação. E aqui a escola tem um papel fundamental. 

Posto tudo isto é fundamental o exemplo que vai sendo dado por muitos “famosos” no seu coming out, dado que pelo exemplo reforçam alguma segurança e mostram-lhes que o mundo que os envolve consegue ser regenerador e igualitário em muitas oportunidades, sem margem para discriminações. Por tudo, muito obrigado, Pablo Alborán! E sê agora um pouco mais feliz! 


A saída do armário, nomeadamente a de Pablo Alborán, esteve em discussão no Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈, oiçam:

2 comentários

  1. Penso que tudo passa pelo momento oportuno de revelação da Homo ou Bissexualidade! Como somos de familia numerosa e, de muitos filhos (masculino), não foi raro alguns irmãos comentarem na minha adolescência eu ter tido o desenvolvimento dos pelos, barba e voz grossa, como que precocemente! Sete anos depois de eu ter acabado meu primeiro namoro, com homem, começando a morar sozinho, que conversei por telefone com irmão casado, sobre relacionamento que tive! Ele disse que talvez apenas ele tenha “valorizado” a feminilidade minha, mesmo em homem tão cisgenero que sou! Razão de logo ter buscado me telefonar e, desabafou que estava casado há 18 anos e, sem sentir essa feminilidade da esposa, especialmente de escuta! Agradeci e coloquei essa minha feminilidade a disposição dele. Presumo que a nossa conversa, durante a semana e de certa forma demorada, “incomodou” minha cunhada! Talvez ela tenha percebido ele relaxado, na cama! E não é raro, mulheres que sentem “dificuldade” de terem marido bissexual!

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