Facebook diz que ameaças de morte contra pessoas LGBTI não viola as suas regras

O Facebook está a rejeitar reclamações feitas no Médio Oriente e Norte de África contra ódio LGBTIfóbico na sua plataforma, mesmo quando são feitas ameaças de morte. Ativistas LGBTI exigem ação por parte do gigante norte-americano.

O discurso de ódio está a aumentar na rede social e isso acontece quando o Facebook enfrenta uma pressão comercial sem precedentes para combater o ódio.

Cerca de um terço dos grandes anunciantes anunciou boicotar o Facebook por um mês, num movimento, Stop Hate for Profit, que insiste que o Facebook deve combater o discurso de ódio.

O debate tem-se focado sobre o ódio racista no Facebook que o Black Lives Matter veio expor nas últimas semanas. Ativistas LGBTI do Médio Oriente e Norte de África lembram que o ódio homofóbico e transfóbico é igualmente endémico na sua região.

Numa das publicações denunciadas pode ler-se:

“Se achas que é teu direito a sodomia / homossexualidade, é meu direito atirar-te do telhado”, numa clara referência aos assassinatos de pessoas LGBTI por parte do ISIS.

No entanto, o Facebook respondeu que a publicação “não quebra as regras da nossa comunidade, incluindo o discurso de ódio”.


As regras LGBTIfóbicas do Facebook estiveram em destaque no Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈, oiçam:


Ativistas da Síria, Egito, Tunísia, Marrocos, Sudão, Rússia e outros países da região assinaram uma carta aberta no Facebook. A carta surge após a morte de Sara Hegazy, a ativista egípcia que ergueu uma bandeira arco-íris num concerto no Cairo, tendo por isso sido presa, torturada e violada por três meses. Depois de procurar asilo no Canadá, Sarah morreu por suicídio no mês passado.

Na carta pode ler-se: “A comunidade LGBTI tem denunciado milhares de publicações que fomentam discurso de ódio em árabe visando mulheres em geral e pessoas de diferentes orientações sexuais em particular. A maioria desses relatórios foi recusada porque o conteúdo ‘não contradiz as regras da comunidade do Facebook’. Isso deve-se à falta de implementação de políticas eficazes contra o discurso de ódio na nossa região, o que torna a plataforma insegura para as minorias sexuais”.

“Nos EUA e na Europa, não há espaço para espalhar discursos de ódio contra qualquer orientação sexual, raça, religião, seita ou qualquer outro grupo social”, disse Adam Muhammed, diretor executivo do ATYAF Collective, um grupo LGBTI com sede em Marrocos em comunicado à Reuters. “Endereçamos uma carta ao Facebook solicitando à sua administração a implementação da mesma política aqui usada noutros países”.

O Facebook respondeu à carta aberta:

“Sabemos que temos mais trabalho a fazer aqui e continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com os membros da comunidade LGBTI no Médio Oriente e no Norte de África para desenvolver as nossas ferramentas, tecnologia e políticas”.

Fonte: GSN.