Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra [todas] as Mulheres

Tal como a Covid-19, a violência contra as mulheres mata indiscriminada e injustamente, e dificulta as denúncias vivenciadas pelas mulheres, confinadas às suas casas.

Diversas pessoas e coletivos subscreveram um manifesto “Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”, estando hoje marcadas concentrações em várias cidades do país.

A organização não toma a diminuição de queixas registadas pela PSP no primeiro confinamento como um sintoma de diminuição da violência, até porque os pedidos de ajuda dispararam no desconfinamento. A PSP registou mais de 11 mil casos de violência doméstica até setembro.

O manifesto convoca para uma concentração no Rossio, em Lisboa, no dia 25 às 17h, em substituição da habitual marcha, “para repudiar todas as formas de violência contra as mulheres, para repudiar o patriarcado, lembrando de forma especial as mulheres negras, as mulheres indígenas, as mulheres migrantes, as mulheres LGBTI+ e todas as mulheres que sofrem neste contexto de pandemia”.

A organização também tem previsto realizar uma iniciativa online, que envolve dezenas de organizações, coletivos e ativistas, aberta à participação através das redes sociais, através da publicação de fotografias e mensagens sob o mote #StopViolênciaMachista, de acordo com Patrícia Vassalo Silva da Por Todas Nós.

Neste dia, dizemos que não esquecemos, que estamos juntas, em luta, e que não pararemos até que nem mais uma tombe. Que nem mais uma seja vítima de violência doméstica física, psicológica, económica, ou outra, como sejam a violência social, o assédio, a violação, a violência simbólica, instrumental e institucional.

Num mês em que um elemento de um jornal semanal atacou com “verborreia inenarrável” na sua coluna de opinião Maria João Vaz, uma mulher trans portuguesa, importa não esquecer que a eliminação da violência conta para *todas* as mulheres.

A elimininação da violência contra todas as mulheres esteve em discussão no Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈

O manifesto foi lançado pel’ A Coletiva, a ANIMAR, o Clube Safo, a Feministas Em Movimento, a Igualdade.pt, a ILGA Portugal, o Instituto da Mulher Negra em Portugal, a Por Todas Nós – Movimento Feminista, a Sociedade de Estudos e Intervenção Em Engenharia Social, a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) e conta com a subscrição de algumas organizações como a Braga Fora do Armário, a Marcha do Orgulho Santarém, várias deputadas do Bloco de Esquerda e do Partido Socialista, entre outras.

Dados do Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), recolhidos a partir das notícias reportadas nos media, indicam que em 2020 foram assassinadas 30 mulheres, sendo que em 10 dos 16 femicídios havia sinais de violência. Desde 2004 já foram assassinadas 564 mulheres em Portugal.

De acordo com os dados do Observatório, em 63% dos femicídios havia violência prévia e em 80% essa violência era mesmo conhecida de outras pessoas; em 40% tinha havido ameaça de morte, a mesma percentagem de casos em que se registaram denúncias anteriores, uma tendência que se repete anualmente. Daí a importância “de se levar em conta os sinais de alerta”, disse Camila Iglesias, uma das investigadoras do OMA.

Será hoje igualmente lançada uma nova campanha nacional de prevenção e combate à violência contra as mulheres e a violência doméstica e apresentado o Pacto contra a Violência pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), pelas 15h, num evento transmitido pelas redes sociais da CIG.

Imagem por Melanie Wasser.


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