
A Marvel Studios tem vindo a tornar-se num monopólio na indústria cinematográfica e a ajudar ainda mais a hegemonia da original Marvel Comics no mundo da banda desenhada. Mas se a primeira continua a fugir da representação de pessoas LGBTI em todos os seus filmes – a Valkyrie de Tessa Thompson tinha cenas em que se assumia como bissexual que foram cortadas, entre os exemplos mais recentes -, a última tem nos passados anos levado a cabo um esforço notório de visibilidade de personagens LGBTI nas páginas dos seus comics, nomeadamente através dos X-Men e dos mutantes que, desde os anos 80, se tornaram numa metáfora de alguém que por nascer diferente e com superpoderes era menosprezado e odiado por toda a sociedade.
Tivemos o casamento de Northstar com o seu companheiro Kyle, o coming out do X-Man original Iceman e, mais recentemente, a revelação de que uma das mais amadas mutantes, Kitty Pryde, é bissexual. Agora é a vez de Peter Quill, o Star-Lord dos Guardians of the Galaxy, de sair do armário e também assumir a sua bissexualidade – de fazer destaque que Quill e Pryde também eles estiveram envolvidos romanticamente no passado. Numa das páginas do recente Guardians of the Galaxy #9 (“I Shall Make You a Star-Lord”), Quill revela que tem uma relação poliamorosa com um casal alienígena constituído por um homem e uma mulher.
A questão da poliamoria tem vindo a ter destaque na Marvel Comics ultimamente, com a reformulação do universo X-Men e da criação da nação mutante de Krakoa onde Cyclops, Jean Grey e Wolverine vivem na mesma casa com quartos ligados entre eles, uma forma bem eficaz de resolver o triângulo amoroso que sempre pairou sobre estas personagens e fazendo, pelo menos de Jean Grey, uma mulher heterossexual numa relação poliamorosa.
Novamente, esta representação de todas as realidades fora da heteronormatividade e dos modelos relacionais impostos pelo sistema patriarcal continua a estar completamente ausente dos blockbusters que provêem da adaptação das histórias destas personagens. O que é ainda mais irónico nesta notícia relativa a Peter Quill é que Chris Pratt, o ator que desempenha a personagem nos filmes e conhecido também por Jurassic Park e Parks & Recreation, tem vindo a causar polémica por pertencer a uma igreja evangélica norte-americana que discrima protativamente as pessoas LGBTI e condena o seu “estilo de vida”, ainda que o próprio Pratt nunca tenha discriminado a comunidade publicamente, mantendo-se sempre em silêncio em relação a assuntos de cariz político.
Seria portanto interessante não só que a Marvel Studios seguisse o exemplo da Marvel Comics e trouxesse toda esta visibilidade das pessoas LGBTI para o grande ecrã. E se para isso tiverem de mudar o seu Star-Lord… seja!
Fonte: PinkNews