
Freddy McConnell, que perdeu uma longa batalha legal contra o governo do Reino Unido em 2020 para ser nomeado pai do seu primeiro filho na sua certidão de nascimento, espera viajar para a Suécia – onde homens trans que dão à luz são registados como pais na certidão de nascimento de uma criança – para dar à luz a sua segunda criança. O caso foi posteriormente remetido ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. A criança, que agora tem cinco anos, permanece sem certidão de nascimento.
“Desde que decidi ter outro filho que esse problema se aproximava“, disse McConnell. “E não tive uma noção clara em como ia lidar com isso.”
Se McDonnel der à luz no Reino Unido, o seu segundo filho terá uma certidão de nascimento imprecisa, pois ficará registada a sua “mãe” como “Alfred” e, além da imprecisão, poderá abrir assim a possíveis abusos e discriminações mais tarde na vida da criança, quando tiver que se apresentar como tendo um pai trans – ou, como o seu irmão mais velho, sem nenhuma certidão de nascimento.
Tal acontece porque, embora McConnell seja legalmente do género masculino, a lei do Reino Unido da década de 1950 insiste que quem dá à luz uma criança só pode ser registada como mãe na certidão de nascimento.
A sua família apoia o seu plano de viajar para a Suécia para dar à luz, com a mãe de McConnell, Esme, a organizar um crowdfunder para tentar arrecadar £10.000 para que McConnell e a sua família possam viajar para a Suécia.
“Em última análise, ela é uma pessoa muito pragmática e lúcida“, diz McConnell. “Ela podia ver o stress que isto me está a causar e também sabe que, mesmo que eu fosse bastante claro sobre querer ir para a Suécia, eu teria resistido para pedir esse tipo de ajuda. Então ela acabou de fazê-lo por mim.”
Embora houvesse vários pontos durante a sua gravidez em que ele acreditava que teria que ficar e dar à luz no Reino Unido por causa da pandemia do coronavirus, McConnell também colocou a hipótese de viajar para o Canadá ou para a Austrália para dar à luz, já que ambos os países têm melhor reconhecimento legal para pais trans. Foi através de uma conversa com um colega trans da alemão que lhe contou sobre a possibilidade de dar à luz na Suécia.
“É-nos dito que [certidões de nascimento] são importantes, temos que tê-las”, disse McConnell. “Tudo o que estou a pedir é que seja correta e reflita a sociedade em que vivemos.”
No Reino Unido, apenas a pessoa que deu à luz a criança está legalmente listada como mãe na certidão de nascimento. No caso de casais de lésbicas, apenas a mulher que deu à luz a criança será listada como mãe, enquanto a outra será listada como “pai”.
“Vivemos numa sociedade hoje em dia onde existem muitos tipos diferentes de famílias, muitos tipos diferentes de mães e pais, sejam trans, gays, ou através das adoção”, disse McConnell. “Em todos os sentidos significativos, acredito que sou o pai do meu filho e, portanto, é bizarro que isso não se reflita nos seus documentos oficiais.”
McConnell espera que uma mudança na legislação do Reino Unido ajude famílias trans, bem como LGBTIQ e adotivas.

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