
Em pleno Dia Mundial de Luta Contra o VIH/SIDA, foi anunciado que Portugal é o único país da União Europeia sem dados de diagnósticos em 2020 no relatório sobre a vigilância da infecção VIH/SIDA do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças. Esta falha ocorreu pela dificuldade que hospitais tiveram em reportar casos devido a problemas informáticos, tendo sido notificados menos de 500 casos, um número consideravelmente inferior ao que é habitual. Devido à inconsistência destes números e de estarem incompletos, as autoridades nacionais decidiram não divulgar hoje o relatório sobre a evolução da infecção VIH em Portugal como é habitual. A pandemia do covid-19 obrigou ao desvio de recursos, alegaram.
Mas os desafios não se ficam por aqui, além de toda a luta contra o vírus e o estigma a ele associado e que foi abordado no mais recente episódio do Podcast Dar Voz A esQrever, há mais desafios que ficaram recentemente a descoberto.
O estudo “Mental health and access to mental health services for people living with HIV in the WHO European Region” revelou que as questões relacionadas com a saúde mental têm um forte impacto nas pessoas que vivem com o VIH, na região europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS). Daniel Simões, membro do European AIDS Treatment Group (EATG) e o autor principal deste trabalho, lembrou que há, paralelamente, “baixos níveis de acesso aos serviços de saúde mental” por parte das pessoas que vivem com o VIH.
“Trata-se de um estudo exploratório, que procurou obter ‘uma visão global’, ao analisar as diversas dimensões da saúde mental das pessoas que vivem com o VIH: impacto da pandemia e do diagnóstico de VIH na saúde mental o tipo de respostas que estão disponíveis e o acesso a essas mesmas respostas”, explicou.
Após a realização deste inquérito, ficou claro que há um reduzido acesso das pessoas que vivem com o VIH a serviços de saúde mental e, como tal, os problemas reportados relacionados com a saúde mental destas pessoas são bastante superiores aos da população em geral.
“Há muito poucas respostas de apoio à saúde mental, especificamente dirigidas às pessoas que vivem com o VIH, pelo menos, que sejam acessíveis e conhecidas. O que significa que há poucas pessoas com acesso a estes serviços, mesmo ao longo do seu acompanhamento clínico”, reforçou.
“O nosso objetivo é contribuir, com estas recomendações, para que haja, pelo menos, uma avaliação de saúde mental de todas as pessoas que vivem com VIH e, se for caso disso, uma referenciação para os serviços de apoio. Temos pessoas no próprio EATG que, em 20 anos de serviços de saúde de VIH, não tiveram uma única avaliação do estado de saúde mental. O VIH é uma doença que continua associada a estigma e discriminação, ao contrário de outras doenças crónicas, e o diagnóstico de VIH pode ter um forte impacto na saúde mental.”
Ep.178 – Pessoas trans e terapia hormonal, LGBTI de férias e… Visibilidade Bissexual! – Dar Voz a esQrever: Notícias, Cultura e Opinião LGBTI 🎙🏳️🌈
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